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Caxumba: a doença viral que ainda preocupa pais e médicos no Brasil

Caxumba

A caxumba, também conhecida como papeira, é uma doença viral que muitos brasileiros acreditam estar completamente erradicada. Entretanto, casos ainda surgem regularmente, especialmente em comunidades com baixa cobertura vacinal.


Esta infecção viral aguda causa o característico inchaço nas bochechas, transformando temporariamente a aparência facial. Embora seja mais comum na infância, a caxumba pode afetar pessoas de qualquer idade com consequências potencialmente sérias.


Compreender os sinais, sintomas e formas de prevenção desta doença é fundamental para proteger sua família e comunidade.


O que é a caxumba: entendendo a doença


Uma infecção viral altamente contagiosa


A caxumba é causada por um vírus da família Paramyxoviridae, especificamente do gênero Paramyxovirus. Este agente infeccioso tem uma afinidade especial pelas glândulas que produzem saliva.


O vírus ataca principalmente as glândulas parótidas, localizadas entre a orelha e a mandíbula. Quando infectadas, essas glândulas incham significativamente, criando a aparência característica da doença.


Embora seja classificada como uma doença da infância, a caxumba pode ser mais severa quando afeta adolescentes e adultos, especialmente homens em idade reprodutiva.


Distribuição global e impacto

A doença tem distribuição mundial e pode aparecer tanto em casos isolados quanto em surtos epidêmicos. Antes da introdução das vacinas, era uma das principais causas de consultas pediátricas.


No Brasil, a incidência da caxumba diminuiu drasticamente após a implementação do programa nacional de vacinação. Entretanto, surtos ocasionais ainda ocorrem em áreas com cobertura vacinal inadequada.


A doença é caracterizada por alta morbidade (capacidade de causar sintomas) e baixa letalidade (raramente causa morte), mas suas complicações podem ser significativas.


Como a caxumba se espalha


Transmissão por gotículas respiratórias


A principal forma de transmissão da caxumba é através de gotículas respiratórias. Quando uma pessoa infectada tosse, espirra, fala ou ri, libera pequenas partículas contendo o vírus no ar.


Essas gotículas podem viajar até 2 metros de distância e ser inaladas por pessoas próximas. Ambientes fechados e mal ventilados facilitam significativamente a propagação do vírus.


Conversas face a face, especialmente por períodos prolongados, representam situações de alto risco para transmissão da doença.


Contato direto e indireto


O contato direto com saliva de pessoas infectadas é outra forma importante de contágio. Isso pode acontecer através de beijos, compartilhamento de utensílios de alimentação ou bebidas.


Crianças pequenas são particularmente vulneráveis devido ao hábito de levar objetos à boca e compartilhar brinquedos. Cuidadores também correm risco elevado de exposição.

A transmissão indireta através de superfícies contaminadas é menos comum, mas possível. O vírus pode sobreviver em objetos por algumas horas.


Período de contágio perigoso

O período de incubação da caxumba varia entre 12 a 25 dias, com média de 16 a 18 dias. Durante este tempo, a pessoa pode não apresentar sintomas, mas já pode transmitir o vírus.

A contagiosidade é maior nos dias que antecedem o aparecimento dos sintomas.


Pessoas infectadas podem transmitir o vírus desde 6 a 7 dias antes até 9 dias após o início do inchaço.


Esta característica torna o controle da doença particularmente desafiador, pois indivíduos aparentemente saudáveis podem estar espalhando a infecção.


Reconhecendo os sintomas da caxumba

Sinais iniciais inespecíficos

Os primeiros sintomas da caxumba são frequentemente vagos e podem ser confundidos com outras infecções virais. Febre baixa a moderada é comum nos estágios iniciais.


Dor de cabeça, mal-estar geral e fadiga também podem ocorrer antes do aparecimento do sintoma mais característico. Algumas pessoas relatam dor de garganta leve.


Perda de apetite e irritabilidade são especialmente comuns em crianças pequenas, que podem simplesmente parecer mais inquietas que o habitual.


O inchaço facial característico


O sintoma mais reconhecível da caxumba é o inchaço das glândulas salivares, especialmente as parótidas. Este edema geralmente começa em um lado e pode se estender para o outro.


O inchaço causa uma aparência distintiva de "bochechas de esquilo", que pode ser bastante pronunciada. A pele sobre a glândula afetada fica esticada e pode parecer brilhante.


A dor associada ao inchaço pode ser intensa, especialmente ao mastigar, engolir ou consumir alimentos ácidos como frutas cítricas.


Sintomas que acompanham a doença


Além do inchaço glandular, a caxumba frequentemente causa febre que pode variar de baixa a alta intensidade. Calafrios podem acompanhar os episódios febris.


Dor muscular generalizada é comum e pode afetar todo o corpo. Muitas pessoas relatam sensação de "corpo moído" similar à gripe.


Dificuldade para abrir completamente a boca é outro sintoma frequente, resultado direto do inchaço e dor nas glândulas parótidas.


Casos sem sintomas aparentes


A realidade dos assintomáticos


Aproximadamente 20 a 30% das pessoas infectadas com o vírus da caxumba não desenvolvem sintomas visíveis. Estas infecções "silenciosas" são mais comuns em crianças pequenas.


Mesmo sem sintomas, estas pessoas podem transmitir o vírus para outros, tornando o controle epidemiológico mais complexo e desafiador.


A ausência de sintomas não significa ausência de proteção. Pessoas com infecção assintomática desenvolvem imunidade duradoura contra futuras infecções.


Apresentações atípicas da doença


Em alguns casos, a caxumba pode se manifestar apenas como uma infecção respiratória superior, sem o característico inchaço glandular.


Cerca de 30% das infecções podem não apresentar aumento aparente das glândulas salivares, manifestando-se apenas com sintomas sistêmicos como febre e mal-estar.

Estas apresentações atípicas podem dificultar o diagnóstico e contribuir para a disseminação inadvertida do vírus na comunidade.


Complicações que preocupam os médicos


Riscos específicos para homens adultos


A orquite é a complicação mais temida da caxumba em homens pós-púberes, afetando aproximadamente 20 a 30% dos casos nesta faixa etária.


Esta inflamação dos testículos causa dor extremamente intensa, inchaço escrotal significativo e febre alta. Os sintomas geralmente aparecem 4 a 8 dias após o início da parotidite.


Embora a esterilidade seja uma preocupação comum entre pacientes e familiares, ela ocorre em menos de 1% dos casos. Entretanto, pode haver redução temporária ou permanente da fertilidade.


Complicações em mulheres


Nas mulheres, a caxumba pode causar mastite (inflamação das mamas) em aproximadamente 15% dos casos. Esta complicação é mais frequente em mulheres em idade reprodutiva.


A ooforite (inflamação dos ovários) ocorre em cerca de 5% das mulheres infectadas, podendo causar dor abdominal e alterações menstruais temporárias.


Felizmente, as complicações reprodutivas femininas raramente resultam em problemas de fertilidade duradouros, ao contrário do que pode ocorrer em homens.


Envolvimento do sistema nervoso


O comprometimento neurológico é uma das complicações mais sérias da caxumba. A meningite asséptica ocorre em aproximadamente 15% dos casos.


Os sintomas incluem dor de cabeça severa, rigidez de nuca, sensibilidade à luz e alterações do estado mental. A maioria dos casos tem evolução favorável.


A encefalite é mais rara, mas potencialmente mais grave, podendo causar convulsões, alterações de consciência e sequelas neurológicas permanentes.


Perda auditiva permanente


A surdez é uma complicação rara, mas devastadora da caxumba. Pode afetar um ou ambos os ouvidos e geralmente é irreversível.


A perda auditiva pode ser súbita ou gradual e pode não ser imediatamente detectada, especialmente em crianças pequenas que ainda não desenvolveram a fala.


Esta complicação é mais comum em crianças menores de 5 anos e pode requerer testes auditivos especializados para detecção precoce.


Como os médicos diagnosticam a caxumba

Avaliação clínica detalhada


O diagnóstico da caxumba é principalmente baseado na apresentação clínica característica. O médico examina cuidadosamente as glândulas salivares em busca de inchaço e sensibilidade.


A elevação do lóbulo da orelha é um sinal clássico que ajuda a distinguir a parotidite de outras causas de inchaço facial.


A história de exposição a casos conhecidos de caxumba ou viagens para áreas com surtos ativos fortalece significativamente a suspeita diagnóstica.


Exames laboratoriais confirmatórios


Em casos duvidosos ou durante investigações epidemiológicas, exames laboratoriais podem ser necessários para confirmação definitiva.


O teste de RT-PCR pode detectar material genético viral em amostras de saliva, swab bucal ou urina, oferecendo alta precisão diagnóstica.


Exames sorológicos podem identificar anticorpos específicos contra o vírus. IgM indica infecção recente, enquanto IgG sugere infecção passada ou imunidade vacinal.


Diferenciando de outras doenças


Várias condições podem mimetizar a caxumba, incluindo outras infecções virais como parainfluenza, Epstein-Barr e citomegalovírus.


Causas não infecciosas como cálculos salivares, tumores das glândulas salivares e reações alérgicas também devem ser consideradas no diagnóstico diferencial.


A experiência clínica do médico e, quando necessário, exames complementares ajudam a estabelecer o diagnóstico correto.


Tratamento: cuidados e alívio dos sintomas


Abordagem sintomática eficaz


Não existe tratamento antiviral específico para a caxumba. O manejo é focado no alívio dos sintomas e prevenção de complicações.


Analgésicos como paracetamol ou ibuprofeno podem controlar efetivamente a dor e reduzir a febre. A dosagem deve ser ajustada conforme idade e peso do paciente.


Compressas mornas ou frias aplicadas na região das glândulas inchadas podem proporcionar alívio temporário da dor e desconforto.


Cuidados nutricionais especiais


A dor ao mastigar e engolir pode dificultar significativamente a alimentação. Alimentos macios, líquidos e em temperatura ambiente são preferíveis.


Evite rigorosamente alimentos ácidos ou muito condimentados, que podem intensificar dramaticamente a dor glandular. Sucos cítricos devem ser temporariamente eliminados.

Manter hidratação adequada é crucial, especialmente na presença de febre. Água, chás mornos e sopas nutritivas são excelentes opções.


Medidas de isolamento necessárias


O isolamento é fundamental para prevenir a transmissão da caxumba para outras pessoas. Pacientes devem permanecer em casa por pelo menos 5 a 9 dias após o início do inchaço.

Crianças não devem frequentar escola ou creche durante o período contagioso. Adultos devem evitar o trabalho e atividades sociais.


O uso de máscaras faciais pode reduzir o risco de transmissão quando o isolamento completo não é possível.


Prevenção através da vacinação


A vacina que protege


A vacinação é a única forma verdadeiramente eficaz de prevenir a caxumba. A vacina tríplice viral oferece proteção simultânea contra sarampo, caxumba e rubéola.


A vacina tetraviral adiciona proteção contra varicela (catapora), proporcionando imunização mais ampla em uma única aplicação.


Estas vacinas estão disponíveis gratuitamente no Sistema Único de Saúde e fazem parte do calendário nacional de imunização.


Esquema vacinal recomendado


O protocolo padrão inclui duas doses da vacina. A primeira dose é administrada aos 12 meses de idade, quando o sistema imunológico da criança está adequadamente desenvolvido.


A segunda dose, geralmente da vacina tetraviral, é aplicada aos 15 meses, completando a proteção básica durante a primeira infância.


Para adultos não vacinados, o esquema varia: pessoas de 20 a 29 anos devem receber duas doses, enquanto adultos de 30 a 49 anos necessitam apenas uma dose.


Eficácia e proteção duradoura


A eficácia da vacina contra caxumba é de aproximadamente 88% após duas doses, proporcionando proteção robusta na maioria dos indivíduos.


A imunidade vacinal é considerada duradoura, possivelmente vitalícia, embora possa haver diminuição gradual dos anticorpos com o passar dos anos.


Mesmo nos raros casos de falha vacinal, a doença tende a ser significativamente mais leve em pessoas vacinadas.


Situações especiais e contraindicações


Quando não vacinar

A vacina contra caxumba é contraindicada em pessoas com imunodeficiência severa, incluindo pacientes em quimioterapia ou com AIDS avançada.


Gestantes não devem receber a vacina, pois contém vírus vivo atenuado. A vacinação deve ser adiada até após o parto e período de amamentação.


Pessoas com alergia grave a componentes da vacina, como neomicina ou gelatina, também não devem ser vacinadas.


Precauções temporárias


Indivíduos com doenças febris agudas devem adiar a vacinação até recuperação completa. Isso evita confundir efeitos da doença com possíveis reações vacinais.


O uso recente de produtos sanguíneos ou imunoglobulinas pode interferir com a resposta vacinal, sendo necessário aguardar período adequado.


Sempre consulte um profissional de saúde qualificado para avaliar a adequação da vacinação em situações específicas.


Prognóstico e recuperação


Evolução esperada da doença


A maioria dos casos de caxumba tem evolução benigna, com recuperação completa em 7 a 14 dias. O inchaço glandular resolve gradualmente sem deixar sequelas.


Crianças geralmente apresentam sintomas mais leves que adolescentes e adultos. A idade no momento da infecção é o principal fator que influencia a severidade.


A resolução é tipicamente espontânea, sem necessidade de tratamentos específicos além dos cuidados sintomáticos adequados.


Imunidade após a infecção


A infecção natural por caxumba confere imunidade vitalícia na grande maioria dos casos. Reinfecções são extremamente raras e geralmente mais brandas.


Esta imunidade natural é considerada mais duradoura que a imunidade vacinal, embora ambas proporcionem proteção excelente e duradoura.


Testes sorológicos podem confirmar o status imunológico em casos duvidosos, especialmente importante para profissionais de saúde.


A caxumba continua sendo uma doença relevante para a saúde pública brasileira, apesar da disponibilidade de vacinas altamente eficazes. A manutenção de altas taxas de vacinação é essencial para prevenir surtos e proteger populações vulneráveis.


Reconhecer precocemente os sintomas e implementar medidas adequadas de isolamento pode ajudar a controlar a transmissão e prevenir complicações graves. A vacinação permanece como a estratégia mais eficaz e segura de prevenção disponível.

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