Inchaço escrotal: o que pode ser e quando você deve se preocupar
- medicinaatualrevis
- 4 de ago.
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O escroto, aquela bolsa de pele que envolve e protege os testículos, normalmente tem um volume estável e simétrico. Quando um lado (ou ambos) parece inchado, com sensação de peso, aumento visível ou mesmo dor, é natural surgir preocupação.
O inchaço escrotal pode ter diversas origens: algumas benignas e passageiras, como o acúmulo de líquido, e outras mais sérias, como infecções ou tumores. Em qualquer cenário, o autoconhecimento corporal e a busca por avaliação médica são fundamentais.
Apesar de ser um sintoma relativamente comum na prática médica, muitas pessoas ainda têm dificuldade em reconhecer o que é normal e o que pode indicar um problema mais sério. Nem sempre o inchaço vem acompanhado de dor, o que pode fazer com que o homem adie a consulta médica.
Entretanto, essa espera pode representar um risco, especialmente em casos agudos como a torsão testicular, que exige intervenção rápida para preservar o testículo. Por isso, entender as possíveis causas e os sinais de alerta é essencial para agir no tempo certo.
Principais causas de inchaço escrotal
Diversos fatores podem levar ao aumento de volume no escroto. Confira os mais comuns:
Hidrocele: acúmulo de líquido ao redor do testículo;
Varicocele: dilatação anormal das veias do cordão espermático;
Epididimite e orquite: inflamação do epidídimo ou do testículo, geralmente por infecção;
Hérnia inguinal: parte do intestino desce para o escroto;
Espermatocele: cisto indolor no epidídimo;
Hematocele: acúmulo de sangue após trauma;
Torsão testicular: rotação do testículo sobre seu próprio eixo;
Câncer de testículo: presença de nódulo sólido indolor.
Algumas dessas condições são reversíveis e de tratamento simples. Outras exigem cuidados urgentes para evitar complicações graves.
Quando o inchaço é indolor
Inchaços sem dor muitas vezes estão relacionados a condições mais leves, como a hidrocele e a espermatocele. A hidrocele, por exemplo, é um acúmulo de líquido ao redor do testículo, comum em recém-nascidos, mas que também pode ocorrer em adultos — especialmente após infecções ou traumas.
A principal característica é o aumento de volume mole, indolor, que pode até deixar o testículo translúcido à passagem da luz (teste chamado de transiluminação).
Já a espermatocele é um pequeno cisto localizado na parte superior do testículo, geralmente também indolor e detectado durante o exame físico ou em um ultrassom.
Nessas situações, o tratamento nem sempre é necessário, a não ser que o inchaço cause desconforto ou continue crescendo com o tempo.
Quando o inchaço vem com dor ou outros sintomas
Por outro lado, a presença de dor, vermelhidão, calor local ou febre pode sugerir uma infecção, como a epididimite (inflamação do epidídimo) ou orquite (inflamação do testículo).
Nesses casos, o quadro geralmente se instala de forma mais gradual e pode estar relacionado a infecções urinárias ou sexualmente transmissíveis.
A torsão testicular, por sua vez, é uma emergência médica. Ocorre quando o testículo gira sobre si mesmo, comprimindo os vasos sanguíneos que o irrigam. O sintoma clássico é uma dor intensa e súbita, frequentemente acompanhada de náuseas e vômitos.
Essa condição é mais comum em adolescentes, mas pode ocorrer em qualquer idade. O tratamento deve ser imediato, com cirurgia nas primeiras horas para evitar a perda do testículo.
Diagnóstico: como o médico investiga a causa do inchaço
A investigação médica é fundamental para determinar a origem do inchaço e orientar o tratamento adequado. O médico pode realizar:
Exame físico completo do escroto e abdome;
Teste de transiluminação com luz para avaliar se há líquido;
Ultrassonografia com Doppler, que mostra fluxo sanguíneo e ajuda a diferenciar entre varicocele, torsão e outras alterações;
Exames laboratoriais, como urina e sangue, especialmente se houver suspeita de infecção;
Histórico clínico detalhado, incluindo presença de dor, trauma ou sintomas urinários.
A rapidez no diagnóstico é essencial, especialmente em quadros agudos como a torsão testicular ou infecções severas.
Quais tratamentos podem ser indicados
O tratamento do inchaço escrotal depende da causa:
Hidrocele pequena e assintomática: acompanhamento regular;
Hidrocele volumosa ou incômoda: cirurgia de correção (hidrocelectomia);
Varicocele com dor ou infertilidade: cirurgia ou embolização das veias afetadas;
Infecções: antibióticos e anti-inflamatórios, além de repouso;
Torsão testicular: cirurgia imediata para evitar necrose do testículo;
Cistos grandes (espermatocele): cirurgia, se houver incômodo;
Câncer testicular: tratamento oncológico com cirurgia, quimioterapia ou radioterapia.
Quando é hora de procurar ajuda médica?
Nem todo inchaço escrotal é grave, mas alguns sinais merecem atenção imediata. Procure um urologista se você perceber:
Início súbito de dor intensa no escroto;
Presença de febre ou calafrios;
Dificuldade para urinar ou dor ao urinar;
Massa sólida, dura ou irregular ao toque;
Aumento de tamanho que não regride com repouso;
Histórico de trauma na região escrotal.
Nesses casos, quanto mais cedo o diagnóstico for feito, melhores são as chances de recuperação e de preservação da função testicular.
Dicas para cuidar da saúde escrotal no dia a dia
Manter hábitos saudáveis também ajuda na prevenção de problemas escrotais. Veja algumas orientações simples:
Realize o autoexame dos testículos mensalmente;
Use roupas íntimas que ofereçam bom suporte, sem apertar demais;
Evite práticas sexuais de risco e sempre use preservativo;
Mantenha a região genital sempre seca e limpa;
Procure atendimento médico diante de qualquer alteração percebida.
Conclusão
O inchaço escrotal pode ter causas benignas ou graves, mas só o médico pode diferenciar com segurança. Por isso, ao notar qualquer aumento no volume escrotal — com ou sem dor — não hesite em procurar atendimento. O cuidado com a saúde masculina começa pelo autocuidado e pela escuta atenta aos sinais do próprio corpo. Quanto antes você agir, maiores são as chances de um tratamento eficaz e tranquilo.



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