Olho saliente: o que pode causar e quando procurar ajuda médica
- medicinaatualrevis
- 8 de ago.
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Você já reparou em alguém — ou em si mesmo — com os olhos mais saltados ou projetados para frente do que o habitual? Em alguns casos, isso faz parte das características naturais da pessoa. Mas em outros, o chamado olho saliente, ou exoftalmia, pode ser um sinal de alerta para doenças que afetam os olhos, os músculos da órbita ou até mesmo o sistema endócrino.
Essa alteração é mais comum do que se imagina e, dependendo da causa, pode vir acompanhada de outros sintomas como lacrimejamento, visão dupla, dor ou vermelhidão. Uma das principais causas é a doença de Graves, forma autoimune de hipertireoidismo que altera o volume dos tecidos ao redor do globo ocular. Mas também há situações mais graves, como tumores, infecções ou traumas.
Neste artigo, você entenderá o que pode causar o olho saliente, quando essa condição é considerada normal, e quando deve ser investigada por um oftalmologista.
O que é considerado olho saliente?
O termo médico para olho saliente é exoftalmia ou proptose. Ele se refere à projeção do globo ocular para fora da órbita, de forma unilateral (um olho só) ou bilateral (ambos os olhos).
É importante diferenciar entre:
Olhos naturalmente proeminentes, comuns em algumas etnias e estruturas faciais, sem alteração da saúde ocular;
Exoftalmia adquirida, que surge de forma repentina ou progressiva, associada a sintomas ou alterações visuais.
Principais causas de olho saliente
As causas são variadas, e o tipo de exoftalmia (unilateral ou bilateral) ajuda a direcionar o diagnóstico.
Exoftalmia bilateral
Mais comum em doenças sistêmicas e autoimunes:
Doença de Graves (hipertireoidismo autoimune) — causa inflamação e aumento dos músculos oculares;
Inflamações orbitárias bilaterais;
Síndromes genéticas ou craniofaciais raras.
Exoftalmia unilateral
Costuma indicar processos locais na órbita:
Tumores retroorbitários (como meningioma ou hemangioma);
Traumas com fraturas da órbita e sangramento (hematoma retroorbitário);
Infecções orbitárias (celulite orbitária);
Cistos, abscessos ou malformações vasculares.
Quais sintomas podem acompanhar o olho saliente?
Dependendo da causa, o olho saliente pode vir sozinho ou acompanhado de sinais mais preocupantes:
Dor ocular ou sensação de pressão atrás do olho;
Visão dupla (diplopia);
Lacrimejamento excessivo ou secura ocular;
Dificuldade de piscar ou fechar o olho completamente;
Vermelhidão ou inchaço ao redor do olho;
Alteração na movimentação do olho;
Perda de acuidade visual (visão embaçada ou turva).
Quando o olho saliente é associado a sintomas como esses, a investigação deve ser feita com urgência.
Doença de Graves: a causa mais comum
A oftalmopatia de Graves é a principal causa de exoftalmia bilateral. Ela está associada ao hipertireoidismo autoimune, no qual o sistema imunológico ataca a glândula tireoide e os tecidos ao redor dos olhos.
Características da exoftalmia na doença de Graves:
Aparece de forma bilateral, mas pode ser assimétrica;
Evolui lentamente;
Pode causar dificuldade para fechar os olhos, sensação de “olho seco” e fotofobia;
Em casos mais graves, há comprometimento da visão.
O diagnóstico é confirmado com exames de sangue (TSH, T4, T3), ultrassonografia da tireoide e imagem da órbita (tomografia ou ressonância).
Como é feito o diagnóstico do olho saliente?
O diagnóstico depende de avaliação médica com exames clínicos e de imagem. O oftalmologista pode solicitar:
Exoftalmometria: mede o quanto o globo ocular está projetado;
Tomografia computadorizada ou ressonância magnética da órbita;
Ultrassom ocular, nos casos em que a imagem por TC/RM não é viável;
Exames de sangue, especialmente se houver suspeita de doenças da tireoide.
Também é importante avaliar se há assimetria entre os olhos, alterações motoras ou sinais inflamatórios.
Quando o olho saliente é considerado perigoso?
A exoftalmia deve ser investigada com prioridade quando vier acompanhada de:
Dor intensa nos olhos ou ao movimentar os olhos;
Perda de visão ou campo visual reduzido;
Olho vermelho persistente e inchado;
Evolução rápida da projeção ocular;
História de trauma recente na cabeça ou no rosto.
Esses sinais indicam urgência oftalmológica e, em alguns casos, risco de perda visual.
Como é feito o tratamento?
O tratamento depende da causa da exoftalmia:
Doença de Graves: controle do hipertireoidismo com medicamentos, radioterapia ou cirurgia;
Inflamações e infecções: antibióticos ou corticoides;
Tumores: cirurgia, radioterapia ou quimioterapia, dependendo do tipo;
Traumas: drenagem de hematomas ou correção cirúrgica.
Nos casos mais leves, pode-se usar colírios lubrificantes, óculos escuros e compressas frias para alívio dos sintomas.
Exoftalmia tem cura?
Sim, a maioria dos casos tem tratamento eficaz, especialmente se o diagnóstico for precoce. Mesmo nas situações em que a exoftalmia não regride completamente, é possível controlar os sintomas e preservar a visão com acompanhamento adequado.
Conclusão
Ter um olho saliente pode parecer apenas uma característica estética, mas quando surge de forma súbita ou associada a outros sintomas, exige atenção médica. Em muitos casos, essa condição está relacionada a distúrbios da tireoide ou a alterações orbitárias que precisam de tratamento. Ao notar qualquer mudança na simetria dos olhos, visão ou desconforto ocular persistente, procure um oftalmologista — quanto mais cedo o diagnóstico, maiores as chances de um tratamento eficaz e sem sequelas.



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