Otosclerose: quando a audição é prejudicada por alterações no ouvido interno
- medicinaatualrevis
- 29 de set.
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A otosclerose é uma doença que afeta os ossículos do ouvido médio, principalmente o estribo, responsável por transmitir as vibrações sonoras até o ouvido interno. Nessa condição, ocorre um crescimento anormal de tecido ósseo ao redor do estribo, que impede sua movimentação adequada.
O resultado é uma perda auditiva progressiva, geralmente do tipo condutiva, que pode comprometer significativamente a qualidade de vida do paciente. Em alguns casos, a doença também afeta a cóclea, levando a um componente de surdez neurossensorial.
Quem pode ser afetado
A otosclerose é mais comum em adultos jovens, especialmente entre os 20 e 40 anos, e apresenta maior incidência em mulheres. Além disso, fatores hereditários têm grande importância, já que há um padrão familiar em muitos casos.
Outros aspectos que podem influenciar:
História familiar da doença;
Alterações hormonais (a perda auditiva pode piorar durante a gravidez);
Etnia: mais frequente em pessoas de ascendência europeia.
Sintomas da otosclerose
Os sintomas costumam se instalar lentamente, o que pode atrasar o diagnóstico. Os principais são:
Perda auditiva progressiva: geralmente começa em um ouvido e pode evoluir para os dois;
Dificuldade em ouvir sons graves ou vozes baixas;
Tinnitus (zumbido no ouvido): bastante comum e incômodo;
Sensação de ouvido cheio ou abafado;
Em casos avançados, pode haver também tontura ou desequilíbrio.
Um detalhe interessante é que muitas pessoas com otosclerose percebem que conseguem ouvir melhor em ambientes barulhentos do que em situações de silêncio — um fenômeno chamado paracusia de Willis.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico envolve avaliação clínica detalhada e exames audiológicos.
Exame otorrinolaringológico: avalia o histórico e exclui outras causas de perda auditiva;
Audiometria: mostra padrão característico de perda auditiva condutiva;
Timpanometria: avalia a mobilidade do tímpano e ossículos;
Tomografia computadorizada (TC): pode identificar alterações ósseas no ouvido médio.
Esses exames ajudam a diferenciar a otosclerose de outras doenças que também causam perda auditiva.
Tratamentos disponíveis
O tratamento da otosclerose depende da gravidade dos sintomas e do impacto na vida do paciente.
Observação e acompanhamento
Nos casos leves, pode-se optar apenas por monitoramento, já que a progressão pode ser lenta.
Aparelhos auditivos
São indicados quando a perda auditiva interfere na comunicação;
Amplificam os sons, melhorando a audição, mas não tratam a causa da doença.
Cirurgia (estapedectomia ou estapedotomia)
Consiste na substituição parcial ou total do estribo por uma prótese que transmite as vibrações sonoras normalmente;
É considerada o tratamento mais eficaz para restaurar a audição em casos de perda significativa;
Tem altas taxas de sucesso, embora possa apresentar riscos como perfuração do tímpano, perda auditiva residual ou tontura temporária.
Tratamento medicamentoso
Ainda não há medicamentos que curem a otosclerose, mas em alguns casos utiliza-se o fluoreto de sódio para tentar retardar a progressão da doença, especialmente quando há envolvimento da cóclea.
Impactos emocionais e sociais
A perda auditiva, mesmo parcial, pode gerar grande impacto emocional. Pacientes com otosclerose frequentemente relatam:
Dificuldade em se comunicar no trabalho e em reuniões sociais;
Isolamento e insegurança;
Ansiedade e estresse pelo medo de perder totalmente a audição.
Por isso, o tratamento deve incluir não apenas a parte médica, mas também apoio psicológico e incentivo ao uso de tecnologias que facilitem a comunicação.
Prognóstico
A otosclerose é uma doença progressiva, mas tratável. A cirurgia pode devolver a audição em muitos casos, enquanto os aparelhos auditivos oferecem boa qualidade de vida quando a cirurgia não é possível.
O diagnóstico precoce é fundamental para evitar limitações maiores e garantir que o paciente continue ativo em suas atividades pessoais e profissionais.
Conclusão
A otosclerose é uma causa importante de perda auditiva em adultos jovens. Embora não exista prevenção definitiva, os avanços no diagnóstico e no tratamento permitem que a maioria dos pacientes tenha sua audição preservada ou restaurada. Estar atento aos sintomas iniciais e procurar um otorrinolaringologista é essencial para garantir qualidade de vida e bem-estar.



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