Vômitos em bebês e crianças: causas, sinais de alerta e quando buscar ajuda médica

O vômito em bebês e crianças é uma das queixas mais comuns nos consultórios pediátricos e, na maioria das vezes, está associado a causas benignas, como infecções virais leves ou refluxo fisiológico. No entanto, é importante que os pais e cuidadores saibam reconhecer quando o vômito exige maior atenção, pois ele pode ser sintoma de condições que requerem avaliação médica urgente.

Neste artigo, você vai entender as diferenças entre refluxo, regurgitação e vômito, conhecer as principais causas por faixa etária, identificar os sinais de alerta e saber quando é o momento de procurar atendimento médico.

O que é considerado vômito e como ele difere da regurgitação

Vômito é a expulsão forçada do conteúdo gástrico pela boca, geralmente precedida de náusea, esforço abdominal e salivação. Já a regurgitação é o retorno passivo do alimento, mais comum em bebês até 1 ano, e não costuma estar acompanhada de desconforto.

Características da regurgitação fisiológica

• Volume pequeno, sem esforço.

• Frequente após as mamadas.

• Bebê mantém bom ganho de peso.

• Desaparece espontaneamente até 12-18 meses.
  

Já o vômito verdadeiro tende a ser mais intenso, repetido e pode vir acompanhado de outros sintomas, como febre, diarreia, irritabilidade ou sinais de desidratação.

Principais causas de vômito por faixa etária

As causas do vômito variam conforme a idade e o quadro clínico da criança. Abaixo, listamos as mais comuns:

Em recém-nascidos e lactentes

• Refluxo gastroesofágico: mais comum nos primeiros meses de vida.

• Estreitamento do piloro (estenose hipertrófica): vômitos em jato, geralmente entre a 3ª e 6ª semana de vida.

• Alergia à proteína do leite de vaca: pode causar vômitos persistentes associados a sangue nas fezes.

• Infecções virais leves ou gastroenterites.
  

Em crianças pequenas (1 a 5 anos)

• Viroses gastrointestinais: principal causa, com vômito, diarreia e febre.

• Infecção urinária: especialmente em meninas, pode causar vômitos isolados.

• Otite ou infecções respiratórias: causam vômito secundário à tosse ou febre.

• Intussuscepção intestinal: causa obstrução e é emergência médica.
  

Em crianças maiores (acima de 5 anos)

• Indigestão alimentar ou intoxicação por alimentos.

• Enxaqueca abdominal.

• Crises de ansiedade ou estresse emocional.

• Cinetose (enjoo por movimento).
  

Sinais de alerta: quando o vômito não é normal

Embora muitos casos de vômito se resolvam espontaneamente, alguns sinais devem ser levados a sério. São eles:

• Vômitos persistentes por mais de 24 a 48 horas.

• Presença de sangue ou bile (vômito esverdeado).

• Acompanhado de febre alta, sonolência excessiva ou rigidez de nuca.

• Sinais de desidratação: boca seca, choro sem lágrimas, fontanela afundada (moleira), urina escassa.

• Distensão abdominal, dor intensa ou ausência de evacuação.

• Perda de peso ou crescimento inadequado no bebê.
  

Em qualquer um desses casos, é essencial procurar um pediatra com urgência.

Como lidar com o vômito em casa

Nos casos leves, é possível adotar algumas medidas em casa para aliviar os sintomas e evitar complicações:

Cuidados imediatos

• Ofereça líquidos em pequenas quantidades e com frequência: soro de reidratação oral é o mais indicado.

• Evite alimentos sólidos nas primeiras horas após o episódio.

• Não force a alimentação; aguarde o apetite retornar espontaneamente.

• Deixe a criança em repouso, em ambiente fresco e calmo.
  

O que não fazer

• Não ofereça medicamentos antieméticos sem prescrição médica.

• Não utilize remédios caseiros ou chás sem orientação profissional.

• Evite leite e alimentos gordurosos nas primeiras 12 horas após vômitos sucessivos.
  

Diagnóstico e tratamento médico

Quando o pediatra identifica a causa do vômito, o tratamento é direcionado de acordo com o diagnóstico.

Avaliação clínica e exames

Exame	Finalidade
Exame físico	Avalia sinais de desidratação, dor e distensão abdominal
Hemograma	Detecta infecções ou anemias
Exame de urina	Útil para descartar infecção urinária
Ultrassonografia abdominal	Avalia estruturas do sistema digestivo
Radiografias ou tomografia	Em casos de suspeita de obstrução intestinal

Tratamento

• Reidratação oral ou venosa.

• Medicamentos para aliviar náuseas (se indicados).

• Antibióticos, se houver infecção bacteriana.

• Cirurgia, em casos de obstruções ou anomalias estruturais.
  

Conclusão: fique atento aos sinais e busque orientação médica

O vômito em bebês e crianças pode ser apenas um sintoma passageiro ou o primeiro sinal de algo mais grave. O olhar atento dos pais e cuidadores é essencial para identificar sinais de alerta e garantir que a criança receba o atendimento necessário.

Com orientação médica adequada, a maioria dos casos evolui bem e sem complicações. A chave é agir com calma, observar os sintomas e procurar ajuda quando necessário.