Bexiga neurogênica: quando o sistema nervoso afeta o controle da urina
- medicinaatualrevis
- 22 de set.
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A bexiga neurogênica é uma condição em que os nervos que controlam a bexiga não funcionam adequadamente. Isso prejudica a capacidade de armazenar e liberar a urina de forma eficiente, podendo causar incontinência, retenção urinária e até danos renais.
A bexiga depende de uma comunicação complexa entre cérebro, medula espinhal e nervos periféricos. Quando essa rede é interrompida — seja por lesão, doença ou má-formação —, a função urinária fica comprometida.
Causas da bexiga neurogênica
Diversas condições podem levar ao problema. Entre as principais:
Lesões da medula espinhal: acidentes automobilísticos, quedas ou ferimentos que interrompem a comunicação nervosa;
Doenças neurológicas: esclerose múltipla, Parkinson e acidente vascular cerebral (AVC);
Malformações congênitas: como a espinha bífida, em que os nervos da medula não se desenvolvem corretamente;
Diabetes mellitus: ao longo dos anos, pode danificar os nervos responsáveis pelo controle da bexiga;
Cirurgias ou tumores: que afetam nervos pélvicos e lombares.
Sintomas da bexiga neurogênica
Os sinais variam de acordo com o tipo de disfunção, mas os mais comuns incluem:
Dificuldade para iniciar a micção;
Esvaziamento incompleto da bexiga;
Perda involuntária de urina (incontinência);
Necessidade frequente de urinar em pequenas quantidades;
Infecções urinárias recorrentes;
Em casos graves, retenção total de urina, exigindo intervenção imediata.
Tipos de bexiga neurogênica
Os médicos costumam classificar a condição em dois grandes grupos:
Bexiga hiperativa (espástica): ocorre quando a bexiga se contrai de forma involuntária e excessiva, levando à urgência e incontinência urinária;
Bexiga hipoativa (flácida): caracteriza-se por contrações fracas ou ausentes, o que dificulta o esvaziamento e causa retenção de urina.
Essa diferenciação é essencial para escolher o tratamento mais adequado.
Riscos e complicações
A bexiga neurogênica não tratada pode gerar consequências sérias:
Infecções urinárias de repetição;
Formação de cálculos na bexiga;
Dilatação dos ureteres e rins (hidronefrose);
Insuficiência renal progressiva;
Impacto na qualidade de vida, com isolamento social e constrangimento pela incontinência.
Como é feito o diagnóstico
O diagnóstico começa com uma avaliação clínica detalhada, em que o médico investiga sintomas, histórico de saúde e possíveis doenças de base.
Exames complementares incluem:
Ultrassom de bexiga e rins: avalia retenção de urina e saúde renal;
Exame urodinâmico: mede a pressão e a função da bexiga durante o enchimento e esvaziamento;
Ressonância magnética ou tomografia: útil para identificar lesões neurológicas;
Exames laboratoriais: avaliam presença de infecção e função renal.
Tratamento da bexiga neurogênica
O tratamento varia de acordo com o tipo e a gravidade da disfunção.
Cateterismo intermitente limpo: técnica em que o paciente ou cuidador usa um cateter descartável várias vezes ao dia para esvaziar a bexiga;
Medicamentos anticolinérgicos: reduzem contrações involuntárias na bexiga hiperativa;
Medicamentos que estimulam contração: usados na bexiga flácida, em alguns casos;
Fisioterapia pélvica e treinamento vesical: ajudam a melhorar o controle urinário;
Injeções de toxina botulínica: podem reduzir espasmos na bexiga hiperativa;
Cirurgias: indicadas em casos graves, podendo incluir ampliação da bexiga ou derivação urinária.
Cuidados no dia a dia
Além do tratamento médico, algumas medidas ajudam no controle da condição:
Manter boa hidratação para evitar infecções urinárias;
Evitar cafeína e álcool, que podem irritar a bexiga;
Adotar hábitos regulares de esvaziamento;
Realizar acompanhamento médico frequente para proteger a função renal.
Impacto emocional e social
A bexiga neurogênica pode afetar não apenas a saúde física, mas também a vida emocional. A incontinência urinária leva muitos pacientes a se isolarem socialmente, com medo de constrangimentos. O suporte psicológico e grupos de apoio podem ajudar no enfrentamento.
Conclusão
A bexiga neurogênica é uma condição complexa, que exige diagnóstico precoce e tratamento contínuo. Com as estratégias atuais, é possível controlar sintomas, prevenir complicações e garantir qualidade de vida ao paciente.



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