Deficiência de ZAP-70: um distúrbio raro do sistema imunológico
- medicinaatualrevis
- 2 de out.
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A deficiência de ZAP-70 é uma imunodeficiência primária rara e grave, caracterizada por falhas no funcionamento dos linfócitos T, células essenciais para a defesa do organismo contra infecções. O problema ocorre devido a mutações no gene que produz a proteína ZAP-70 (zeta-chain-associated protein kinase 70), indispensável para a ativação dos linfócitos T.
Sem essa proteína, o sistema imunológico não consegue responder adequadamente a vírus, bactérias e outros agentes infecciosos, deixando a pessoa altamente vulnerável a doenças desde os primeiros meses de vida.
Como a doença se manifesta
A deficiência de ZAP-70 costuma ser diagnosticada ainda na infância. Os bebês afetados apresentam infecções graves e de repetição, que não melhoram com os tratamentos convencionais.
Entre os sintomas mais comuns estão:
Infecções respiratórias recorrentes (pneumonias, bronquites);
Infecções gastrointestinais persistentes, com diarreia crônica;
Infecções virais graves, como citomegalovírus (CMV) e vírus sincicial respiratório (VSR);
Candidíase oral ou de pele persistente;
Atraso no crescimento e no ganho de peso.
Esses sinais devem levantar suspeita de imunodeficiência grave combinada.
Por que a ZAP-70 é importante
A proteína ZAP-70 participa da ativação e do desenvolvimento dos linfócitos T. Quando ela não funciona:
Os linfócitos T CD8+ (células “citotóxicas”) não se desenvolvem corretamente, prejudicando a eliminação de células infectadas por vírus;
Os linfócitos T CD4+ podem estar presentes, mas funcionam de forma deficiente;
A comunicação entre células do sistema imune fica comprometida, reduzindo a defesa geral do organismo.
Diagnóstico
O diagnóstico da deficiência de ZAP-70 é complexo e envolve exames especializados.
Hemograma e imunofenotipagem: mostram alterações no número de linfócitos T;
Testes funcionais: avaliam se as células de defesa respondem a estímulos;
Exame genético: confirma mutações no gene responsável pela produção da proteína ZAP-70.
Esses exames geralmente são realizados em centros de referência em imunologia clínica.
Tratamento disponível
Até o momento, o único tratamento capaz de oferecer cura é o transplante de células-tronco hematopoiéticas (como o transplante de medula óssea). Esse procedimento substitui as células defeituosas do sistema imunológico por células saudáveis de um doador compatível.
Outras medidas importantes incluem:
Uso de antibióticos, antivirais e antifúngicos profiláticos para reduzir o risco de infecções;
Isolamento relativo, evitando exposição a ambientes com alto risco de contaminação;
Suporte nutricional para compensar as perdas provocadas por infecções recorrentes.
Pesquisas sobre terapia gênica estão em andamento e trazem esperança para o futuro, mas ainda não são amplamente aplicadas.
Prognóstico
Sem tratamento, a deficiência de ZAP-70 é frequentemente fatal nos primeiros anos de vida, devido a infecções graves. No entanto, quando o diagnóstico é feito precocemente e o transplante de medula é realizado com sucesso, as chances de sobrevivência aumentam consideravelmente.
Impacto para a família
Conviver com uma imunodeficiência grave traz desafios não apenas médicos, mas também emocionais e sociais. As famílias enfrentam internações frequentes, necessidade de cuidados especializados e incertezas sobre o futuro. Apoio psicológico e acompanhamento multiprofissional são fundamentais.
Conclusão
A deficiência de ZAP-70 é uma condição rara e grave, mas que pode ser diagnosticada e tratada com transplante de medula óssea. O reconhecimento precoce dos sintomas e o encaminhamento para centros especializados são passos cruciais para salvar vidas.
Com os avanços em terapia gênica e imunologia, o futuro promete novas alternativas de tratamento que podem transformar a realidade desses pacientes.
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