Distrofia muscular de Duchenne: uma luta contra o tempo
- medicinaatualrevis
- 7 de out.
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A Distrofia Muscular de Duchenne (DMD) é uma doença genética rara e grave que afeta principalmente meninos. Caracteriza-se pela degeneração progressiva dos músculos, levando à perda de força e de mobilidade ao longo do tempo.
A DMD é causada por uma mutação no gene DMD, localizado no cromossomo X, responsável pela produção da distrofina — uma proteína essencial para manter a integridade das fibras musculares. Sem ela, os músculos se tornam frágeis, se rompem facilmente e são substituídos por tecido fibroso e gorduroso.
Por que afeta mais meninos
Como o gene da distrofina está no cromossomo X, meninos (que têm apenas um X) são os mais afetados. Já as meninas (com dois cromossomos X) geralmente são portadoras, podendo apresentar sintomas leves ou nenhum sinal da doença.
Quando os sintomas aparecem
Os primeiros sinais costumam surgir entre os 2 e 5 anos de idade, quando a criança começa a apresentar atraso motor e fraqueza muscular, especialmente nas pernas.
Os pais podem notar:
Dificuldade para correr, subir escadas ou levantar-se do chão;
Quedas frequentes;
Caminhar na ponta dos pés;
Aumento aparente das panturrilhas (hipertrofia pseudomuscular);
Cansaço fácil e dificuldades na escola, por déficit de atenção ou aprendizado.
Evolução da doença
A Distrofia Muscular de Duchenne é progressiva. Com o passar dos anos, a fraqueza se espalha para os braços, tronco e músculos respiratórios.
Por volta dos 10 a 12 anos, a maioria dos pacientes já precisa de cadeira de rodas;
Na adolescência, podem surgir complicações cardíacas e respiratórias;
A expectativa de vida tem aumentado com os avanços terapêuticos, mas ainda é limitada.
Complicações associadas
A doença não afeta apenas os músculos esqueléticos. Também compromete o coração e os pulmões, o que torna o acompanhamento multidisciplinar essencial.
Principais complicações:
Cardiomiopatia dilatada (fraqueza do músculo cardíaco);
Insuficiência respiratória progressiva;
Escoliose e deformidades ortopédicas;
Dificuldades cognitivas leves em alguns pacientes.
Diagnóstico
O diagnóstico é feito por meio de uma combinação de avaliações clínicas e laboratoriais:
Dosagem da enzima CPK (creatina fosfoquinase): níveis muito elevados indicam lesão muscular;
Teste genético (análise do gene DMD): confirma a mutação responsável;
Biópsia muscular: pode ser usada para avaliar a ausência de distrofina;
Ecodopplercardiograma e espirometria: para monitorar coração e pulmões.
O diagnóstico precoce é fundamental para iniciar o tratamento e retardar a progressão da
doença.
Tratamento
Embora ainda não exista cura, há tratamentos capazes de prolongar a sobrevida e preservar a função muscular.
Corticosteroides (prednisona, deflazacorte): reduzem a inflamação e retardam a degeneração muscular;
Terapias gênicas e moduladoras de distrofina: medicamentos modernos como eteplirsen e golodirsen atuam na produção parcial da proteína;
Fisioterapia e exercícios controlados: ajudam a manter a mobilidade e prevenir contraturas;
Suporte respiratório e fisioterapia pulmonar: fundamentais na fase avançada;
Acompanhamento cardiológico contínuo.
Pesquisas com terapia gênica e edição de DNA (CRISPR-Cas9) estão abrindo novas perspectivas para o futuro.
Apoio psicológico e social
O impacto emocional da DMD é enorme, tanto para o paciente quanto para a família. O suporte psicológico, o acompanhamento escolar e o contato com grupos de apoio ajudam na adaptação e na qualidade de vida.
Conclusão
A Distrofia Muscular de Duchenne é uma doença devastadora, mas o diagnóstico precoce e o tratamento multidisciplinar podem fazer grande diferença. A ciência avança rapidamente, e novas terapias prometem transformar o que antes era apenas paliativo em esperança real de controle.



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