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Doença arterial coronariana: o assassino silencioso que mata mais que o câncer

Doença arterial coronariana:

A doença arterial coronariana é a principal causa de morte em todo o mundo, responsável por mais óbitos que qualquer tipo de câncer. Esta condição silenciosa desenvolve-se ao longo de décadas, estreitando gradualmente as artérias que fornecem sangue ao coração, até que um dia pode causar um infarto fulminante.

O que torna esta doença particularmente perigosa é sua natureza insidiosa. Muitas pessoas vivem anos com artérias coronárias significativamente obstruídas sem apresentar sintomas óbvios, descobrindo a condição apenas quando sofrem um evento cardíaco grave. Por isso, é conhecida como o "assassino silencioso".

A doença arterial coronariana não discrimina idade, sexo ou classe social, embora alguns grupos tenham maior risco. Com o estilo de vida moderno, caracterizado por sedentarismo, estresse e alimentação inadequada, esta condição tem se tornado cada vez mais comum, afetando pessoas cada vez mais jovens.

O que acontece nas artérias coronárias

As artérias coronárias são os vasos sanguíneos responsáveis por fornecer oxigênio e nutrientes ao músculo cardíaco. Quando estas artérias se estreitam ou bloqueiam devido ao acúmulo de placas de gordura, o coração não recebe sangue suficiente para funcionar adequadamente.

O processo de formação destas placas, chamado aterosclerose, começa cedo na vida e progride lentamente. Inicialmente, pequenos depósitos de colesterol se acumulam na parede arterial, causando inflamação e espessamento progressivo.

Estágios da aterosclerose:

  1. Formação de estrias gordurosas na adolescência;

  2. Desenvolvimento de placas fibrosas na idade adulta;

  3. Calcificação e endurecimento das placas;

  4. Ruptura de placas instáveis;

  5. Formação de coágulos;

  6. Obstrução completa da artéria.

Tipos de placas:

  • Placas estáveis - crescem lentamente, causam angina;

  • Placas instáveis - podem romper, causam infarto;

  • Placas calcificadas - endurecidas, menos propensas à ruptura;

  • Placas mistas - combinam diferentes características;

  • Placas vulneráveis - alto risco de complicações.

Consequências da obstrução:

  • Redução do fluxo sanguíneo para o coração;

  • Isquemia miocárdica durante esforço;

  • Angina pectoris;

  • Infarto agudo do miocárdio;

  • Arritmias cardíacas;

  • Insuficiência cardíaca.

Compreender este processo é fundamental para a prevenção eficaz.

Fatores de risco modificáveis

Os fatores de risco modificáveis são aqueles que podem ser controlados através de mudanças no estilo de vida ou tratamento médico. Estes fatores são responsáveis pela maioria dos casos de doença arterial coronariana e representam as principais oportunidades de prevenção.

Fatores de risco principais:

  • Colesterol elevado - especialmente LDL alto;

  • Pressão arterial alta; Diabetes mellitus;

  • Tabagismo;

  • Obesidade;

  • Sedentarismo.

Colesterol e lipídios:

  • LDL ("colesterol ruim") - principal vilão;

  • HDL ("colesterol bom") - protetor quando alto;

  • Triglicérides elevados;

  • Lipoproteína(a) elevada;

  • Partículas pequenas e densas de LDL;

  • Relação colesterol total/HDL.

Hipertensão arterial:

  • Pressão sistólica acima de 140 mmHg;

  • Pressão diastólica acima de 90 mmHg;

  • Hipertensão mascarada;

  • Variabilidade pressórica;

  • Pressão de pulso elevada;

  • Hipertensão noturna.

Diabetes e resistência à insulina:

  • Diabetes tipo 1 e tipo 2;

  • Pré-diabetes;

  • Resistência à insulina;

  • Síndrome metabólica;

  • Hemoglobina glicada elevada;

  • Glicemia de jejum alterada.

Estilo de vida:

  • Dieta rica em gorduras saturadas;

  • Consumo excessivo de açúcar;

  • Falta de exercício físico;

  • Estresse crônico;

  • Sono inadequado;

  • Consumo excessivo de álcool.

A modificação destes fatores pode reduzir drasticamente o risco cardiovascular.

Fatores de risco não modificáveis

Embora não possam ser alterados, os fatores de risco não modificáveis são importantes para avaliar o risco individual e determinar a intensidade das medidas preventivas necessárias. Pessoas com múltiplos fatores não modificáveis precisam ser mais rigorosas no controle dos fatores modificáveis.

Idade e sexo:

  • Homens acima de 45 anos;

  • Mulheres acima de 55 anos ou pós-menopausa;

  • Risco aumenta progressivamente com a idade;

  • Homens têm risco precoce maior;

  • Mulheres alcançam homens após a menopausa;

  • Expectativa de vida influencia decisões terapêuticas.

Histórico familiar:

  • Parentes de primeiro grau com doença coronariana precoce;

  • Homens com eventos antes dos 55 anos;

  • Mulheres com eventos antes dos 65 anos;

  • Múltiplos familiares afetados;

  • Padrões de herança genética;

  • Síndromes genéticas raras.

Fatores genéticos:

  • Polimorfismos genéticos;

  • Variações no metabolismo lipídico;

  • Predisposição à hipertensão;

  • Tendência ao diabetes;

  • Resposta inflamatória;

  • Metabolismo de medicamentos.

Etnia e raça:

  • Maior risco em algumas populações;

  • Diferenças na resposta a tratamentos;

  • Variações na prevalência de fatores de risco;

  • Aspectos socioeconômicos associados;

  • Acesso diferenciado aos cuidados de saúde;

  • Fatores culturais e dietéticos.

Conhecer estes fatores ajuda no planejamento preventivo personalizado.

Sintomas e manifestações clínicas

Os sintomas da doença arterial coronariana podem variar significativamente entre indivíduos, desde ausência completa de sintomas até manifestações dramáticas como infarto agudo. Reconhecer os sinais precoces é fundamental para buscar tratamento antes de complicações graves.

Angina pectoris típica:

  • Dor ou desconforto no peito;

  • Sensação de pressão ou aperto;

  • Irradiação para braço esquerdo, pescoço ou mandíbula;

  • Desencadeada por esforço físico ou estresse;

  • Aliviada com repouso ou nitroglicerina;

  • Duração de 2 a 10 minutos.

Sintomas atípicos:

  • Fadiga inexplicada;

  • Falta de ar aos esforços;

  • Náuseas e vômitos;

  • Sudorese excessiva;

  • Tontura ou desmaio;

  • Dor nas costas ou abdome.

Equivalentes anginosos:

  • Dispneia de esforço;

  • Fadiga desproporcional;

  • Palpitações;

  • Indigestão recorrente;

  • Dor no braço ou mandíbula;

  • Sintomas apenas durante estresse.

Sinais de alarme:

  • Dor no peito em repouso;

  • Sintomas que pioram progressivamente;

  • Duração prolongada dos sintomas;

  • Sintomas associados a sudorese e náusea;

  • Perda de consciência;

  • Dor muito intensa.

Diferenças por sexo:

  • Homens - sintomas mais típicos;

  • Mulheres - sintomas mais atípicos;

  • Idosos - sintomas menos específicos;

  • Diabéticos - sintomas podem estar ausentes;

  • Jovens - sintomas podem ser subestimados.

O reconhecimento precoce pode salvar vidas.

Diagnóstico e exames

O diagnóstico da doença arterial coronariana baseia-se na combinação de história clínica, exame físico e exames complementares. A escolha dos exames depende da probabilidade clínica de doença e dos sintomas apresentados.

Exames básicos:

  • Eletrocardiograma de repouso;

  • Radiografia de tórax;

  • Exames laboratoriais básicos;

  • Perfil lipídico completo;

  • Glicemia e hemoglobina glicada;

  • Marcadores inflamatórios.

Testes de esforço:

  • Teste ergométrico convencional;

  • Ecocardiograma de estresse;

  • Cintilografia miocárdica de esforço;

  • Ressonância magnética de estresse;

  • Teste de caminhada de 6 minutos;

  • Avaliação da capacidade funcional.

Exames de imagem:

  • Ecocardiograma transtorácico;

  • Tomografia das coronárias;

  • Escore de cálcio coronariano;

  • Ressonância magnética cardíaca;

  • Cateterismo cardíaco;

  • Ultrassom intravascular.

Marcadores bioquímicos:

  • Troponinas cardíacas;

  • CK-MB; Peptídeos natriuréticos;

  • Proteína C reativa ultrassensível;

  • Homocisteína; Lipoproteína(a).

A estratificação de risco orienta as decisões terapêuticas.

Tratamentos e prevenção

O tratamento da doença arterial coronariana envolve uma abordagem multifacetada que combina modificações no estilo de vida, medicamentos e, quando necessário, procedimentos invasivos. O objetivo é prevenir eventos cardiovasculares e melhorar a qualidade de vida.

Modificações no estilo de vida:

  • Dieta mediterrânea ou DASH;

  • Exercício físico regular;

  • Cessação do tabagismo;

  • Controle do peso;

  • Gerenciamento do estresse;

  • Sono adequado.

Medicamentos:

  • Estatinas para controle do colesterol;

  • Antiagregantes plaquetários;

  • Betabloqueadores;

  • Inibidores da ECA ou BRA;

  • Nitratos para angina;

  • Medicamentos para diabetes.


Procedimentos invasivos:

  • Angioplastia com stent;

  • Cirurgia de revascularização miocárdica;

  • Aterectomia;

  • Terapia com células-tronco;

  • Revascularização híbrida;

  • Dispositivos de assistência circulatória.

Prevenção primária:

  • Controle rigoroso dos fatores de risco;

  • Rastreamento em populações de risco;

  • Educação sobre sinais de alerta;

  • Programas comunitários de prevenção;

  • Políticas públicas de saúde;

  • Campanhas de conscientização.

A prevenção é sempre mais eficaz e menos custosa que o tratamento.

A doença arterial coronariana representa um dos maiores desafios de saúde pública da atualidade. Embora seja uma condição grave, é amplamente prevenível através do controle dos fatores de risco e adoção de um estilo de vida saudável. O reconhecimento precoce dos sintomas e o tratamento adequado podem prevenir complicações graves e salvar vidas. A chave está na educação, prevenção e acesso a cuidados médicos de qualidade.

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