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Os riscos do transtorno do luto prolongado: quando a dor não passa


transtorno do luto prolongado

O luto é uma resposta natural à perda de alguém significativo, como um familiar, amigo ou mesmo um animal de estimação. Trata-se de um processo emocional que envolve dor, saudade, adaptação e resignificação.


Em geral, o luto se desenvolve ao longo do tempo, permitindo que a pessoa ressignifique a perda e retome sua vida. No entanto, em alguns casos, esse processo não evolui de forma adaptativa, caracterizando o transtorno do luto prolongado (TLP), uma condição reconhecida recentemente como um transtorno mental pela Classificação Internacional de Doenças (CID-11).


O que é o transtorno do luto prolongado


O transtorno do luto prolongado ocorre quando a dor da perda persiste por mais de 6 meses (segundo o CID-11) ou 12 meses (segundo o DSM-5-TR) e interfere de maneira significativa na vida pessoal, profissional e social da pessoa. Trata-se de um luto que é persistente, intenso e incapacitante, indo além do esperado em um processo de luto "normal".


Critérios diagnósticos


De acordo com os manuais diagnósticos, para que o TLP seja caracterizado, os seguintes elementos devem estar presentes:


  • Saudade persistente e intensa da pessoa falecida;

  • Preocupação constante com a perda;

  • Sofrimento emocional profundo;

  • Sentimento de vazio ou inutilidade;

  • Dificuldade em retomar atividades sociais e profissionais;

  • Sensação de que a vida perdeu o sentido;

  • Incapacidade de aceitar a morte.

Esses sintomas devem estar presentes na maior parte do tempo, por mais de 6 ou 12 meses, dependendo do critério adotado, e devem impactar significativamente a funcionalidade do indivíduo.

Fatores de risco

Diversos fatores podem contribuir para o desenvolvimento do transtorno do luto prolongado, como:

  • Perdas inesperadas ou traumáticas (como mortes violentas ou acidentais);

  • Relacionamento muito dependente ou simbólico com a pessoa falecida;

  • Histórico de transtornos mentais, como depressão ou transtorno de ansiedade;

  • Falta de apoio social;

  • Experiências de luto múltiplo em um curto período;

  • Eventos estressantes concomitantes (como separação, mudança de trabalho, problemas financeiros).

Consequências para a saúde mental e física

O transtorno do luto prolongado pode ter graves repercussões na saúde mental e física do indivíduo. Entre as complicações mais comuns, estão:


  • Transtornos depressivos;

  • Transtornos de ansiedade;

  • Isolamento social;

  • Abuso de substâncias (como álcool e medicamentos);

  • Insônia;

  • Pensamentos suicidas;

  • Aumento do risco de doenças cardiovasculares e imunológicas.

Diferença entre luto normal e luto prolongado

Embora todos os enlutados possam apresentar tristeza intensa, insônia e dificuldades para retomar a rotina, no TLP esses sintomas são mais persistentes, intensos e incapacitantes. O luto normal tende a apresentar sinais de melhora ao longo das semanas e meses, mesmo com recaídas pontuais em datas comemorativas ou aniversários. Já no transtorno do luto prolongado, há estagnação ou piora progressiva dos sintomas.

Tratamento e acompanhamento

O tratamento do TLP exige uma abordagem multiprofissional e individualizada. As principais formas de intervenção incluem:

Psicoterapia

  • A terapia cognitivo-comportamental (TCC) é considerada uma das abordagens mais eficazes, focando na reestruturação de pensamentos negativos, retomada de atividades e construção de um novo significado para a vida.

  • A terapia de exposição graduada também é utilizada para lidar com situações evitadas devido à dor da perda.

Medicação

  • Antidepressivos podem ser indicados em casos de comorbidades, como depressão maior ou ansiedade generalizada.

Apoio familiar e social

  • Envolver a família e amigos no processo é fundamental para criar uma rede de apoio segura.

Grupos de apoio ao luto

  • Participar de grupos terapêuticos ou de apoio pode ajudar na troca de experiências e redução do sentimento de isolamento.

A importância do reconhecimento precoce

O reconhecimento precoce dos sinais do TLP pode evitar o agravamento do quadro e facilitar a reabilitação emocional do paciente. Familiares, amigos, profissionais da saúde e da educação devem estar atentos a mudanças significativas de comportamento após uma perda.

Conclusão

O transtorno do luto prolongado é uma condição real, reconhecida e tratável. Ignorar a dor não a elimina, mas buscar apoio pode trazer alívio e abrir caminho para a reconexão com a vida. A escuta empática, o cuidado com a saúde mental e o acolhimento são fundamentais para que o luto possa ser vivido e superado de forma saudável.

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