Será que treinar em jejum realmente queima mais gordura?
- medicinaatualrevis
- 17 de jul.
- 3 min de leitura

A ideia de treinar de barriga vazia tem ganhado muitos adeptos. O argumento é tentador: se você acorda e vai direto para o treino, o corpo estaria mais propenso a queimar gordura como fonte de energia. Mas será que essa lógica faz sentido? Ou será que o treino em jejum pode ser perigoso ou até ineficiente?
Neste artigo, vamos explicar o que a ciência diz sobre o exercício em jejum, se ele realmente ajuda a emagrecer, quais são os riscos envolvidos e para quem essa prática pode — ou não — funcionar.
O que significa treinar em jejum?
O exercício em jejum acontece quando a pessoa realiza uma atividade física sem ter se alimentado nas últimas 8 a 12 horas, como ao acordar e ir direto para a academia. Nessa condição, o organismo está com os níveis de glicose mais baixos e tende a recorrer a outras fontes de energia.
Teoricamente, o corpo poderia queimar mais gordura nesse estado. Mas, na prática, o metabolismo é mais complexo do que parece.
O corpo realmente queima mais gordura em jejum?
Estudos mostram que o exercício em jejum pode aumentar temporariamente a utilização de gordura como combustível durante o treino. No entanto, isso não significa necessariamente que haverá mais perda de gordura corporal ao longo do tempo.
Isso porque o que determina o emagrecimento é o déficit calórico ao final do dia ou da semana, e não apenas o tipo de substrato utilizado durante a atividade física.
Além disso, o corpo pode compensar esse gasto energético com:
Menor gasto ao longo do dia;
Aumento da fome após o treino;
Redução da intensidade no exercício por falta de energia;
Uso de proteínas musculares como fonte de energia.
Benefícios do exercício em jejum
Apesar das controvérsias, algumas pessoas relatam vantagens ao treinar em jejum — principalmente quando o objetivo é adaptação metabólica. Entre os benefícios possíveis:
Melhora da sensibilidade à insulina;
Menor desconforto gastrointestinal durante o treino;
Praticidade para quem tem pouco tempo pela manhã;
Adaptação do corpo à queima de gordura como fonte de energia.
Esses efeitos podem ser vantajosos em treinos aeróbicos de baixa intensidade e curta duração.
Riscos e efeitos colaterais
Para a maioria das pessoas, o exercício em jejum não traz grandes benefícios adicionais e pode causar efeitos indesejados, especialmente se feito de forma incorreta ou sem orientação.
Entre os principais riscos estão:
Hipoglicemia, com tontura, fraqueza e mal-estar;
Diminuição da performance durante o exercício;
Perda de massa muscular, especialmente se feito com frequência;
Maior risco de lesões por fadiga precoce;
Queda de pressão e até desmaios em pessoas mais sensíveis.
Quem deve evitar o treino em jejum
Essa prática não é indicada para todos. Grupos que devem evitá-la incluem:
Diabéticos ou pessoas com distúrbios glicêmicos;
Gestantes;
Crianças e adolescentes;
Pessoas com histórico de desmaios ou pressão baixa;
Quem está começando a treinar e ainda não tem adaptação física.
Para essas pessoas, fazer uma refeição leve antes do treino é a melhor estratégia.
Existe um jeito seguro de treinar em jejum?
Sim, é possível adotar essa prática de forma controlada e mais segura. Confira algumas dicas:
Hidrate-se bem antes e durante o exercício;
Evite treinos longos ou muito intensos em jejum;
Considere uma refeição rica em proteínas e gorduras na noite anterior;
Observe seus sinais corporais: tontura e enjoo são alertas para parar;
Avalie o desempenho e os resultados ao longo das semanas.
O ideal é que essa prática seja orientada por um nutricionista ou educador físico, especialmente se você deseja combinar com jejum intermitente ou metas de emagrecimento.
O que dizem os especialistas?
Estudos clínicos demonstram que a perda de gordura total é semelhante entre quem treina em jejum e quem se alimenta antes, desde que o total calórico e a qualidade da alimentação sejam equilibrados ao longo do dia.
Além disso, há indícios de que treinar alimentado permite treinos mais intensos e maior gasto calórico total, o que pode beneficiar mais a longo prazo.
Ou seja: o melhor treino é aquele que você consegue manter com constância, sem prejuízos ao bem-estar e ao desempenho.
Conclusão
Treinar em jejum não é uma fórmula mágica para emagrecer mais rápido. Embora possa promover uma queima maior de gordura durante o exercício, os efeitos reais sobre o emagrecimento e a composição corporal dependem do contexto geral da alimentação, intensidade do treino e individualidade de cada pessoa.
Se você tem interesse em experimentar, faça com orientação. Mas saiba que, para a maioria das pessoas, alimentar-se corretamente antes do treino é o caminho mais eficiente, seguro e sustentável para alcançar resultados duradouros.



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