SUS deve adotar tratamento de queimaduras com membrana que envolve o feto
- medicinaatualrevis
- 19 de mai.
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O Sistema Único de Saúde (SUS) está prestes a incorporar uma tecnologia inovadora no tratamento de queimaduras: o uso da membrana amniótica, tecido biológico que reveste o feto durante a gestação. Esse material, descartado após o parto, possui propriedades anti-inflamatórias, antimicrobianas e cicatrizantes que o tornam altamente eficaz na regeneração de tecidos.
A utilização da membrana amniótica no tratamento de queimaduras é uma alternativa que já vem sendo pesquisada há anos por centros de referência em medicina regenerativa. Agora, com a possível incorporação dessa técnica ao SUS, pacientes com queimaduras de segundo grau — que representam a maioria dos casos — poderão ter acesso a um tratamento mais rápido, menos doloroso e com menor risco de infecções.
O que é a membrana amniótica e como ela atua na cicatrização
A membrana amniótica humana é um tecido delgado, transparente e rico em colágeno, fatores de crescimento, proteínas e células-tronco. Ela atua como uma barreira biológica natural e oferece um ambiente ideal para a regeneração da pele. Entre os principais benefícios da membrana amniótica, destacam-se:
Redução da dor, ao cobrir terminações nervosas expostas.
Aceleração da cicatrização e reepitelização.
Prevenção de infecções, devido às suas propriedades antimicrobianas.
Diminuição da formação de cicatrizes e quelóides.
Redução da necessidade de curativos frequentes.
O material é biocompatível e, após processado em bancos de tecidos humanos, pode ser armazenado e disponibilizado para uso hospitalar.
Contexto atual do tratamento de queimaduras no Brasil
No Brasil, cerca de 1 milhão de casos de queimaduras são registrados por ano, segundo dados da Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ). Desse total, aproximadamente 200 mil pacientes procuram serviços de urgência e emergência, e cerca de 40 mil são hospitalizados anualmente.
A maioria das vítimas são crianças e trabalhadores expostos a acidentes domésticos e ocupacionais.
O tratamento tradicional envolve:
Limpeza e desbridamento da área queimada.
Aplicação de pomadas antibióticas.
Uso de curativos sintéticos ou gaze.
Controle da dor e da infecção.
Esse processo, embora eficaz, é doloroso e exige trocas constantes de curativos, o que prolonga a internação e aumenta os custos hospitalares.
A inovação da membrana amniótica no tratamento de queimaduras
A introdução da membrana amniótica no SUS representa uma revolução na abordagem de queimaduras de segundo grau. Estudos clínicos demonstraram que seu uso reduz o tempo de cicatrização, diminui o número de trocas de curativo e, em muitos casos, elimina a necessidade de enxertos de pele.
Benefícios clínicos observados:
Benefício | Impacto no tratamento |
Menor tempo de internação | Reduz custos hospitalares |
Menos dor | Melhora a experiência do paciente |
Redução de infecções | Menos uso de antibióticos |
Cicatrização com menor fibrose | Melhora o resultado estético e funcional |
Técnica de aplicação simples | Pode ser realizada em hospitais públicos com treinamento |
Aplicação prática: o caso das vítimas da Boate Kiss
A tragédia da Boate Kiss, ocorrida em 2013 em Santa Maria (RS), resultou em mais de 240 mortes e centenas de feridos. Muitos sobreviventes sofreram queimaduras graves e foram tratados com a membrana amniótica, com resultados promissores.
A técnica contribuiu para uma recuperação mais rápida e com menos sequelas, demonstrando seu potencial terapêutico em situações críticas.
Processo de obtenção e preparação da membrana
A membrana amniótica é obtida de placentas doadas por mulheres que passaram por cesarianas, após consentimento informado.
O tecido é cuidadosamente processado em bancos de tecidos humanos, onde passa por etapas de limpeza, esterilização e conservação, garantindo sua segurança e eficácia para uso clínico.
Benefícios da incorporação ao SUS
A adoção da membrana amniótica pelo SUS representa um avanço significativo no tratamento de queimaduras, especialmente de segundo grau. Entre os principais benefícios estão:
Melhora na qualidade de vida dos pacientes: recuperação mais rápida e com menos dor.
Redução do tempo de internação: diminuição dos custos hospitalares.
Menor necessidade de medicamentos: especialmente analgésicos e antibióticos.
Acesso a tratamento de ponta: democratização de uma técnica antes restrita a centros especializados.
Conclusão
A incorporação da membrana amniótica no tratamento de queimaduras pelo SUS é um passo importante na modernização e humanização do atendimento médico no Brasil. Com base em evidências científicas e experiências práticas, como no caso das vítimas da Boate Kiss, essa técnica oferece uma alternativa eficaz e acessível para pacientes que enfrentam as consequências das queimaduras.
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