Deficiência de iodo: como a falta de um mineral essencial afeta sua saúde

O iodo é um mineral essencial para o bom funcionamento do corpo humano, em especial da glândula tireoide. Essa pequena glândula localizada no pescoço produz hormônios fundamentais para regular o metabolismo, controlar o crescimento e garantir o desenvolvimento neurológico adequado.

Mesmo em pequenas quantidades, o iodo é indispensável. Quando há deficiência, o organismo não consegue produzir hormônios tireoidianos suficientes, o que pode desencadear uma série de distúrbios conhecidos como doenças por deficiência de iodo (DDIs).

Como o iodo é obtido

Nosso corpo não produz iodo, por isso ele precisa ser obtido pela alimentação. As principais fontes são:

• Sal iodado: medida de saúde pública amplamente adotada no mundo;

• Peixes e frutos do mar: ricos em iodo por viverem em ambientes marinhos;

• Laticínios e ovos: contêm quantidades variáveis do mineral;

• Algas marinhas: fonte natural altamente concentrada em iodo;

• Vegetais cultivados em solos ricos em iodo.
  

Apesar disso, em algumas regiões onde o solo é pobre em iodo, a população pode ter mais risco de deficiência.

Causas da deficiência de iodo

As causas mais comuns incluem:

• Baixa ingestão alimentar: quando a dieta não inclui alimentos ricos em iodo ou sal iodado;

• Gestação e lactação: aumentam a necessidade do mineral para o desenvolvimento do bebê;

• Alimentação restrita: dietas muito restritivas ou baseadas em vegetais cultivados em solos pobres em iodo;

• Baixo acesso a políticas públicas de iodação do sal.
  

Sintomas e consequências da deficiência

Os sintomas podem variar de acordo com a gravidade da deficiência e o tempo de carência.

• Bócio: aumento visível da glândula tireoide, resultando em inchaço no pescoço;

• Hipotireoidismo: cansaço, ganho de peso, pele seca, queda de cabelo e intolerância ao frio;

• Déficits cognitivos: em crianças, pode comprometer o desenvolvimento intelectual e a capacidade de aprendizado;

• Cretinismo: forma grave e rara, quando a deficiência ocorre na gestação e início da infância, levando a atraso mental e físico;

• Problemas na gestação: abortos espontâneos, natimortos e malformações.
  

Deficiência de iodo no Brasil e no mundo

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a deficiência de iodo é uma das principais causas evitáveis de deficiência intelectual no mundo. A iodação do sal foi uma medida eficaz para reduzir o problema, mas ainda existem áreas de risco, especialmente em comunidades rurais e regiões montanhosas.

No Brasil, a adição de iodo ao sal de cozinha é obrigatória desde a década de 1950, o que reduziu drasticamente os casos de bócio endêmico. Ainda assim, algumas populações podem ser vulneráveis, como gestantes e pessoas que evitam sal por recomendação médica.

Diagnóstico

O diagnóstico pode incluir:

• Exames de sangue: medindo hormônios da tireoide (TSH, T3 e T4);

• Exame de urina: avalia a quantidade de iodo excretada, refletindo o consumo;

• Ultrassom da tireoide: usado quando há suspeita de bócio.
  

Tratamento e prevenção

O tratamento da deficiência de iodo é simples, mas essencial: garantir ingestão adequada do mineral.

• Uso de sal iodado: principal forma de prevenção em escala populacional;

• Suplementos de iodo: podem ser indicados para gestantes, lactantes e em áreas endêmicas;

• Dieta equilibrada: incluir peixes, frutos do mar, laticínios e ovos regularmente;

• Controle médico: em casos de distúrbios tireoidianos associados à deficiência.
  

A prevenção é o caminho mais seguro, já que corrigir os danos cognitivos em crianças afetadas precocemente é muitas vezes impossível.

Excesso de iodo também faz mal?

Embora raro, o consumo excessivo de iodo pode causar problemas como hipertireoidismo, bócio e até inflamações da tireoide. Por isso, o equilíbrio é fundamental. O recomendado pela OMS para adultos é de 150 microgramas por dia, podendo variar em gestantes e lactantes.

Conclusão

A deficiência de iodo é um problema de saúde pública global que pode trazer consequências sérias, mas é facilmente prevenível com medidas simples, como a iodação do sal e uma alimentação equilibrada. Garantir níveis adequados de iodo é investir em saúde física, desenvolvimento intelectual e bem-estar de toda a população.