Doença de Kawasaki: entenda os sinais, complicações e o tratamento
- medicinaatualrevis
- 24 de jul.
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A doença de Kawasaki é uma condição inflamatória grave que afeta principalmente crianças pequenas. Embora relativamente rara, ela exige atenção porque pode levar a complicações cardíacas se não for identificada e tratada a tempo.
Neste artigo, você vai entender o que é a doença de Kawasaki, quais são seus principais sintomas, como é feito o diagnóstico e qual o tratamento indicado. Mesmo que você não tenha filhos, é importante conhecer essa condição, afinal, informação pode salvar vidas.
O que é a doença de Kawasaki?
Trata-se de uma vasculite, ou seja, uma inflamação dos vasos sanguíneos, que afeta principalmente as artérias de pequeno e médio calibre, incluindo as artérias coronárias (que irrigam o coração).
A doença foi descrita pela primeira vez no Japão em 1967 pelo pediatra Tomisaku Kawasaki, e desde então tem sido registrada em todo o mundo.
Acomete principalmente crianças entre 6 meses e 5 anos de idade;
É mais comum em meninos do que em meninas;
A causa exata ainda não é totalmente conhecida.
Quais são os sintomas da doença de Kawasaki?
Os sintomas aparecem em fases, e o reconhecimento precoce é essencial para iniciar o tratamento adequado. Os sinais mais característicos são:
Febre alta e persistente por mais de 5 dias, que não responde bem a antitérmicos;
Olhos vermelhos (conjuntivite bilateral), sem secreção;
Lábios rachados, vermelhos e secos, com língua avermelhada ("língua em framboesa");
Irritação ou vermelhidão na pele, que pode descamar;
Inchaço e vermelhidão nas mãos e nos pés, com descamação posterior;
Gânglios aumentados no pescoço, geralmente de um lado só.
Além disso, a criança pode apresentar:
Irritabilidade intensa;
Dores nas articulações;
Diarreia ou vômitos;
Falta de apetite.
Qual a principal complicação?
A complicação mais temida da doença de Kawasaki é o comprometimento das artérias coronárias, que pode levar a:
Aneurismas coronarianos (dilatações nos vasos do coração);
Inflamação do miocárdio (miocardite);
Pericardite (inflamação da membrana ao redor do coração);
Risco de infarto em crianças.
Quando o tratamento é feito precocemente, as chances de complicações graves diminuem significativamente.
O que causa a doença de Kawasaki?
Ainda não se sabe ao certo o que provoca a doença. As principais hipóteses incluem:
Reação exacerbada do sistema imunológico a um vírus ou bactéria;
Predisposição genética;
Fatores ambientais.
Apesar da semelhança com algumas infecções virais, a doença de Kawasaki não é contagiosa.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico é clínico, ou seja, baseado nos sintomas apresentados e na exclusão de outras doenças.
Alguns exames podem ajudar no processo:
Hemograma (pode mostrar inflamação e anemia);
PCR e VHS elevados (marcadores inflamatórios);
Ecocardiograma (para avaliar as artérias coronárias);
Testes para descartar infecções como escarlatina, dengue e COVID-19.
É fundamental procurar um pediatra diante da suspeita, pois o tratamento precoce reduz o risco de complicações cardíacas.
Qual o tratamento da doença de Kawasaki?
O tratamento deve ser iniciado preferencialmente nos primeiros 10 dias após o início da febre. Os principais pilares são:
Imunoglobulina intravenosa (IVIG): reduz a inflamação e diminui o risco de aneurismas;
AAS (ácido acetilsalicílico): usado em doses elevadas no início e, depois, em dose baixa como antiagregante plaquetário.
Nos casos mais graves ou refratários, pode ser necessário:
Corticóides;
Medicamentos imunossupressores;
Internação hospitalar para acompanhamento.
A doença tem cura?
Sim, a maioria das crianças se recupera completamente com o tratamento adequado. No entanto, é essencial:
Fazer acompanhamento cardiológico com ecocardiogramas seriados;
Monitorar possíveis alterações nas artérias do coração;
Manter o uso de AAS por algumas semanas ou meses, conforme orientação médica.
Kawasaki x COVID-19: há relação?
Durante a pandemia de COVID-19, observou-se o surgimento de uma condição chamada síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica (SIM-P), que apresenta sintomas semelhantes à doença de Kawasaki.
Embora sejam condições distintas, ambas envolvem inflamação sistêmica e podem afetar o coração. O histórico recente de COVID-19 pode ser um fator importante no diagnóstico diferencial.
Quando suspeitar e procurar ajuda?
Se uma criança apresentar:
Febre persistente por mais de 5 dias;
Olhos vermelhos, boca e lábios muito secos;
Irritação na pele com descamação;
Inchaço nas mãos e pés;
É fundamental procurar atendimento pediátrico imediato. O diagnóstico e tratamento precoces são a chave para evitar complicações.
Dicas para pais e responsáveis
Mantenha a vacinação da criança em dia;
Observe mudanças no comportamento e nos sinais físicos;
Tenha atenção especial em períodos de surtos virais;
Leve a criança ao médico se tiver febre sem causa aparente por mais de 3 dias;
Confie na sua intuição: pais atentos fazem toda a diferença no diagnóstico precoce.
Conclusão
A doença de Kawasaki é uma condição inflamatória séria, mas que tem excelente resposta ao tratamento quando identificada a tempo. Apesar de rara, precisa ser conhecida por pais, cuidadores e profissionais de saúde, especialmente diante de febre persistente em crianças pequenas.
Quanto mais cedo for diagnosticada, maiores as chances de recuperação completa e menores os riscos ao coração.



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