Varizes esofágicas: o que são, sintomas, causas e riscos
- claurepires
- 7 de ago.
- 4 min de leitura

As varizes esofágicas são veias dilatadas que surgem na parede do esôfago — o tubo que liga a boca ao estômago — como consequência de um problema no fígado. Elas geralmente se formam quando há cirrose hepática, uma condição crônica que dificulta o fluxo de sangue no fígado e faz com que o sangue busque caminhos alternativos para retornar ao coração.
Esses “atalhos” criam uma pressão elevada nas veias do esôfago, que não foram feitas para suportar esse volume. Com o tempo, essas veias se dilatam e se tornam frágeis, podendo romper e causar um sangramento digestivo grave e potencialmente fatal.
Por isso, identificar precocemente a presença de varizes esofágicas em pessoas com doenças hepáticas é fundamental para evitar complicações. Neste artigo, você vai entender o que causa esse problema, quais os sintomas de alerta e quais medidas podem salvar vidas.
O que são varizes esofágicas?
As varizes esofágicas são veias dilatadas e tortuosas que se desenvolvem no interior do esôfago devido à hipertensão portal — aumento da pressão na veia porta, que leva o sangue do intestino ao fígado.
Esse quadro costuma ocorrer em pessoas com:
Cirrose hepática (principal causa);
Trombose da veia porta;
Esquistossomose hepatoesplênica;
Outras doenças hepáticas que dificultam o fluxo sanguíneo.
As varizes não provocam sintomas até que se rompam. Quando isso acontece, pode ocorrer sangramento digestivo intenso, com risco de morte se não houver tratamento imediato.
Por que elas surgem?
O fígado, quando saudável, filtra o sangue que chega do sistema digestivo. Mas em casos de cirrose, esse órgão perde sua capacidade de receber e processar o sangue adequadamente. Com isso:
A pressão na veia porta aumenta;
O sangue procura rotas alternativas de circulação;
As veias do esôfago assumem essa função de “desvio”;
Elas se dilatam e se tornam frágeis, formando as varizes.
Quanto mais avançada a doença hepática, maior o risco dessas varizes se romperem.
Sintomas: como saber se há risco?
Na maioria dos casos, as varizes esofágicas não apresentam sintomas até que sangrem. No entanto, pacientes com cirrose devem ficar atentos a sinais de alerta.
Se houver rompimento das varizes, surgem sintomas graves:
Vômito com sangue (hematêmese);
Fezes escuras ou com sangue (melena);
Queda de pressão e tontura;
Palidez e sudorese fria;
Sensação de desmaio ou perda de consciência.
Esses sintomas representam emergência médica e exigem atendimento imediato.
Como é feito o diagnóstico?
Pacientes com cirrose ou hipertensão portal devem ser monitorados com endoscopia digestiva alta, exame que permite visualizar diretamente as varizes e classificá-las de acordo com o risco de sangramento.
Outros exames complementares incluem:
Ultrassonografia com doppler de fígado e veia porta;
Elastografia hepática (avalia a rigidez do fígado);
Exames laboratoriais de função hepática.
A endoscopia também pode ser usada para tratamento preventivo das varizes de maior risco.
Quais são os riscos e complicações?
O maior risco das varizes esofágicas é o sangramento intenso, que pode causar:
Perda súbita de sangue;
Hipotensão (pressão baixa);
Choque hemorrágico;
Insuficiência hepática aguda;
Risco de morte, especialmente sem intervenção rápida.
Cerca de 30% dos pacientes com varizes grandes terão um episódio de sangramento nos próximos 2 anos, segundo estudos clínicos. Por isso, o acompanhamento é essencial.
Como é o tratamento?
O tratamento pode ser preventivo ou de emergência, dependendo do estágio das varizes e se houve sangramento.
Tratamento preventivo
Para varizes que ainda não sangraram, mas apresentam risco:
Betabloqueadores não seletivos (como propranolol): reduzem a pressão portal;
Ligadura elástica por endoscopia: amarra as varizes para evitar rompimento;
Controle rigoroso da doença hepática de base.
Tratamento emergencial
Quando há sangramento ativo:
Internação imediata e estabilização do paciente;
Endoscopia terapêutica com ligadura ou escleroterapia;
Medicamentos vasoconstritores (terlipressina ou octreotida);
Antibióticos preventivos contra infecção;
Em casos graves, procedimento chamado TIPS (derivação portossistêmica intra-hepática);
Transplante hepático, nos casos em que o fígado já perdeu função.
Como prevenir complicações?
Pacientes com doenças hepáticas crônicas devem seguir orientações rigorosas para evitar o surgimento e rompimento das varizes esofágicas.
Algumas dicas importantes:
Não faltar aos exames de acompanhamento, como a endoscopia periódica;
Tratar adequadamente a causa da cirrose (hepatite, alcoolismo, esquistossomose);
Evitar uso de anti-inflamatórios sem orientação médica;
Reduzir ingestão de sal e álcool;
Manter controle do peso e do diabetes, se houver;
Seguir à risca a medicação prescrita pelo hepatologista.
Convivendo com a doença
Viver com varizes esofágicas exige cuidados contínuos e acompanhamento médico regular. Com o controle adequado, muitos pacientes conseguem evitar complicações graves e manter boa qualidade de vida.
É fundamental adotar uma rotina saudável, manter os exames em dia e buscar ajuda médica ao menor sinal de alteração, principalmente se houver vômitos com sangue ou fezes muito escuras.
Conclusão
As varizes esofágicas são uma consequência direta de problemas graves no fígado, como a cirrose. Embora silenciosas na maioria dos casos, elas representam um risco real de sangramento com consequências sérias. Por isso, o diagnóstico precoce e o acompanhamento regular são essenciais, especialmente em pessoas com doenças hepáticas conhecidas. Com cuidado e tratamento adequado, é possível prevenir complicações e proteger sua saúde.
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