Como se preparar para correr e ter mais saúde
- medicinaatualrevis
- 19 de set.
- 4 min de leitura

A corrida é uma das atividades físicas mais acessíveis e democráticas. Basta um par de tênis e disposição para começar. Apesar da simplicidade, seus efeitos na saúde são profundos: melhora a capacidade cardiovascular, ajuda no controle do peso, fortalece músculos e ossos e ainda é uma poderosa ferramenta contra o estresse e a ansiedade.
Mas, para colher todos esses benefícios, é essencial se preparar corretamente. Iniciar sem orientação pode levar a lesões, desmotivação ou até problemas de saúde. Por isso, entender como se organizar antes de calçar os tênis é o primeiro passo para transformar a corrida em um hábito saudável e duradouro.
Benefícios da corrida para o corpo e a mente
A corrida traz vantagens que vão além da estética ou do desempenho esportivo. Estudos mostram que pessoas que correm regularmente têm menor risco de desenvolver doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2 e até certos tipos de câncer.
Entre os principais benefícios estão:
Melhora da circulação e fortalecimento do coração;
Redução da pressão arterial e do colesterol ruim (LDL);
Aumento da resistência física e disposição diária;
Controle e perda de peso corporal;
Redução de sintomas de ansiedade e depressão;
Melhora da qualidade do sono.
Além disso, a corrida libera endorfinas — conhecidas como hormônios da felicidade —, proporcionando sensação de bem-estar e alívio de tensões.
Primeiros passos para começar a correr
Quem está sedentário ou nunca correu deve iniciar com cautela. O corpo precisa de tempo para se adaptar ao impacto e ao esforço cardiovascular.
Avaliação médica: um check-up inicial é fundamental, especialmente para pessoas com histórico de hipertensão, problemas cardíacos ou ortopédicos;
Tênis adequado: o calçado correto absorve impacto e previne lesões em articulações como tornozelos e joelhos;
Roupas leves e confortáveis: preferencialmente em tecidos respiráveis, que ajudam na regulação térmica;
Comece devagar: alternar caminhada e corrida leve é uma ótima estratégia para iniciantes;
Alongamento e aquecimento: antes de correr, prepare os músculos com movimentos leves e alongamentos dinâmicos.
Estratégias para evolução segura
Um dos erros mais comuns de quem inicia na corrida é querer evoluir rápido demais. Isso aumenta o risco de lesões como tendinites, dores no joelho (síndrome da banda iliotibial) ou fascite plantar.
A progressão deve ser gradual. Uma regra útil é o princípio dos 10%, que recomenda não aumentar mais que 10% do volume semanal de treino. Isso dá tempo para músculos, articulações e sistema cardiovascular se adaptarem.
Outra estratégia eficiente é usar planilhas de corrida, elaboradas por profissionais, que equilibram treinos leves, moderados e intensos, além de dias de descanso.
Alimentação e hidratação: combustíveis da corrida
A energia para correr vem principalmente dos carboidratos, que devem estar presentes na dieta em versões complexas, como arroz integral, batata-doce e aveia. Já as proteínas auxiliam na recuperação muscular, enquanto as gorduras boas (presentes em azeite, castanhas e abacate) ajudam no equilíbrio energético.
A hidratação é outro ponto essencial: perder líquidos sem reposição adequada prejudica desempenho e pode causar tontura ou cãibras.
Algumas orientações práticas incluem:
Beber água regularmente ao longo do dia, não apenas durante o treino;
Hidratar-se antes, durante e após corridas longas;
Em treinos acima de 1 hora, considerar bebidas isotônicas para repor sais minerais.
Prevenindo lesões
A corrida é segura, mas como qualquer atividade de impacto, pode gerar sobrecargas. Por isso, além da progressão gradual, é essencial incluir outras práticas no treinamento.
Fortalecimento muscular: musculação e exercícios funcionais ajudam a proteger articulações;
Treino cruzado: atividades como bicicleta, natação ou elíptico reduzem impacto e mantêm condicionamento;
Alongamento e mobilidade: aumentam a flexibilidade e previnem encurtamentos musculares;
Dias de descanso: permitem a recuperação do corpo e evitam o excesso de treinamento.
A importância da postura e da técnica
A forma de correr também influencia na prevenção de lesões. O ideal é manter postura ereta, ombros relaxados, olhar voltado para frente e passadas naturais. A cadência (número de passos por minuto) deve ser estável, evitando pisadas muito longas que sobrecarregam os joelhos.
Muitos corredores iniciantes se beneficiam de treinos com assessorias esportivas, onde profissionais corrigem a técnica e ajustam o plano de acordo com a evolução.
Exemplos de programas para iniciantes
Para ilustrar, um programa de 8 semanas pode começar assim:
Semanas 1–2: 3 treinos semanais alternando 1 min de corrida leve e 2 min de caminhada, por 20–30 min;
Semanas 3–4: aumentar para 2 min de corrida e 2 min de caminhada, por 30 min;
Semanas 5–6: 3 min de corrida e 1 min de caminhada, totalizando 30–35 min;
Semanas 7–8: corrida contínua de 20–25 min, com ritmo confortável.
Essa progressão reduz riscos e ajuda o corpo a se adaptar ao novo hábito.
Corrida e saúde mental
Além de fortalecer o corpo, a corrida é uma aliada da mente. A prática regular ajuda a liberar tensões acumuladas, melhora o foco e aumenta a resiliência emocional. Muitos corredores relatam que a corrida funciona como uma espécie de meditação em movimento, proporcionando clareza mental.
Para quem lida com ansiedade ou depressão, a corrida pode ser um complemento valioso ao tratamento médico e psicológico, desde que respeitados os limites individuais.
Conclusão
A corrida é uma prática simples, mas extremamente poderosa. Quando feita com preparação, ela fortalece corpo e mente, previne doenças e aumenta a qualidade de vida. Mais do que correr rápido ou percorrer longas distâncias, o objetivo é constância e prazer na atividade.
Preparar-se corretamente — com avaliação médica, equipamentos adequados, alimentação equilibrada e progressão gradual — garante que a corrida seja um hábito saudável e sustentável.
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