Doença de Wilson: acúmulo de cobre que afeta cérebro e fígado
- medicinaatualrevis
- 15 de ago.
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A doença de Wilson é uma condição genética rara que impede o organismo de eliminar o excesso de cobre. Esse mineral, essencial em pequenas quantidades, se torna tóxico quando acumulado em níveis elevados, afetando principalmente o fígado e o sistema nervoso central.
Sem tratamento, a doença pode causar lesões graves e irreversíveis. Por isso, o diagnóstico precoce e a adesão ao tratamento são fundamentais para preservar a saúde e a qualidade de vida.
Como o corpo lida com o cobre
Normalmente, o cobre ingerido através da alimentação é absorvido pelo intestino, transportado até o fígado e, depois, eliminado pela bile.
Na doença de Wilson, uma mutação no gene ATP7B impede que o fígado excrete o cobre de forma eficiente. Como resultado:
O cobre se acumula inicialmente no fígado;
Quando a capacidade de armazenamento é excedida, o excesso é liberado no sangue;
Ele se deposita em outros órgãos, como cérebro, rins e olhos.
Sintomas da doença de Wilson
Os sintomas variam de pessoa para pessoa e dependem do estágio e dos órgãos afetados.
Manifestações hepáticas
Fadiga persistente;
Amarelamento da pele e olhos (icterícia);
Inchaço abdominal (ascite);
Alterações nos exames de função hepática;
Cirrose.
Manifestações neurológicas e psiquiátricas
Tremores;
Rigidez muscular;
Alterações de fala e coordenação;
Mudanças de humor, depressão e irritabilidade;
Dificuldade para escrever ou realizar tarefas finas.
Sinal característico: anel de Kayser-Fleischer
Um dos sinais mais marcantes da doença é o anel de Kayser-Fleischer, uma coloração acastanhada ou esverdeada na periferia da córnea, visível no exame oftalmológico com lâmpada de fenda. Ele é causado pelo depósito de cobre nos olhos e aparece em muitos pacientes com sintomas neurológicos.
Diagnóstico
O diagnóstico envolve a combinação de histórico clínico, exame físico e testes laboratoriais.
Exames utilizados
Dosagem de cobre e ceruloplasmina no sangue;
Excreção de cobre na urina de 24 horas;
Exame oftalmológico para verificar o anel de Kayser-Fleischer;
Biópsia hepática para medir o conteúdo de cobre no fígado;
Teste genético para confirmar mutações no gene ATP7B.
Tratamento
O tratamento é contínuo e tem como objetivo reduzir o acúmulo de cobre e prevenir novos depósitos.
Principais abordagens
Medicamentos quelantes (como penicilamina ou trientina): ajudam a eliminar o cobre pela urina;
Suplementação de zinco: bloqueia a absorção intestinal de cobre;
Dieta pobre em cobre: evitar fígado, frutos do mar, castanhas, chocolate e alguns cereais integrais;
Transplante de fígado: indicado em casos de falência hepática grave.
Alimentos ricos em cobre a evitar
Alimento | Teor de cobre |
Fígado bovino | Muito alto |
Ostras | Muito alto |
Castanha de caju | Alto |
Chocolate amargo | Moderado |
Amendoim | Moderado |
Prognóstico
Com diagnóstico precoce e tratamento adequado, a maioria das pessoas com doença de Wilson leva uma vida normal. No entanto, a interrupção do tratamento pode levar à piora rápida e irreversível.
Perguntas frequentes
1. A doença de Wilson tem cura?
Não, mas o tratamento contínuo controla o acúmulo de cobre e previne danos.
2. Quem deve fazer o teste?
Parentes de primeiro grau de pacientes diagnosticados, mesmo sem sintomas.
3. É possível engravidar com doença de Wilson?
Sim, desde que haja acompanhamento médico e ajuste do tratamento.
Cuidados no dia a dia
Seguir rigorosamente a prescrição médica;
Fazer acompanhamento regular com hepatologista ou neurologista;
Evitar suplementos vitamínicos que contenham cobre;
Manter uma dieta equilibrada e controlada em cobre;
Informar médicos e dentistas sobre o diagnóstico antes de qualquer procedimento.
Conclusão
A doença de Wilson é rara, mas tratável. A conscientização sobre seus sintomas, a realização de exames em familiares e o início rápido do tratamento são medidas essenciais para garantir qualidade de vida e evitar complicações graves.
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