Insônia: por que você não consegue dormir bem
- medicinaatualrevis
- 9 de jun.
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A insônia é um dos distúrbios do sono mais prevalentes em todo o mundo. Embora muitas pessoas associem noites mal dormidas ao estresse ou à ansiedade do dia a dia, a verdade é que a dificuldade de iniciar ou manter o sono pode estar relacionada a diversos fatores físicos, emocionais e até hormonais. A insônia crônica, quando não tratada, pode afetar a saúde mental, o desempenho cognitivo, o metabolismo e a qualidade de vida de forma significativa.
Neste artigo, você vai entender as principais causas da insônia, como identificar se está vivendo um quadro persistente e quais são os recursos — médicos e não medicamentosos — disponíveis para recuperar uma rotina de sono saudável.
O que é insônia e como ela se manifesta
A insônia é definida como a dificuldade para iniciar o sono, manter o sono ao longo da noite ou acordar muito cedo e não conseguir voltar a dormir. Para ser considerada clinicamente relevante, essa dificuldade precisa ocorrer pelo menos três vezes por semana, por um período superior a três meses, e gerar impacto na vida diurna.
Tipos de insônia
Insônia inicial: dificuldade para adormecer mesmo quando há cansaço físico.
Insônia de manutenção: despertares frequentes durante a noite.
Insônia terminal: despertar precoce com dificuldade de voltar a dormir.
Insônia transitória: geralmente relacionada a eventos estressores passageiros.
Insônia crônica: dura mais de três meses e pode ter causas multifatoriais.
Principais causas da insônia
A insônia raramente tem uma única causa. Em geral, ela é multifatorial e pode envolver elementos biológicos, psicológicos e comportamentais.
Estresse e ansiedade
A hiperatividade mental noturna é uma das causas mais comuns de insônia. Preocupações com trabalho, família, finanças ou saúde geram um estado de alerta constante que impede o relaxamento necessário para o início do sono.
Maus hábitos de sono
Rotinas inadequadas, como uso de telas à noite, ingestão de cafeína no final do dia ou horários irregulares para dormir, prejudicam o ciclo circadiano e dificultam a liberação de melatonina, o hormônio indutor do sono.
Depressão e outros transtornos mentais
A insônia é um sintoma frequente da depressão, e muitas vezes é o primeiro a aparecer. Também está presente em transtornos como ansiedade generalizada, transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e transtorno bipolar.
Condições clínicas
Doenças como refluxo gastroesofágico, apneia do sono, dor crônica, doenças reumatológicas, hipertireoidismo e até síndrome das pernas inquietas interferem na qualidade do sono.
Quando procurar ajuda médica
É essencial buscar avaliação profissional quando:
A dificuldade para dormir se mantém por mais de 3 semanas.
Há sonolência excessiva durante o dia, dificuldade de concentração e irritabilidade.
O uso de medicamentos ou álcool torna-se necessário para induzir o sono.
A insônia está interferindo no trabalho, nos estudos ou nas relações pessoais.
Exames e avaliações úteis
Avaliação | Objetivo |
Anamnese detalhada | Avaliação do padrão do sono, histórico familiar e hábitos de vida |
Diário do sono | Registro diário por 1-2 semanas ajuda na análise do padrão |
Polissonografia | Exame realizado durante o sono para investigar distúrbios como apneia |
Avaliação psicológica | Importante para casos associados a ansiedade ou depressão |
Estratégias para melhorar o sono
A boa notícia é que a insônia tem tratamento, e nem sempre é necessário recorrer a medicamentos. A chamada higiene do sono é o primeiro passo e muitas vezes suficiente para restaurar o descanso noturno.
Mudanças no estilo de vida
Evitar café, chá preto, refrigerantes com cafeína e bebidas energéticas após às 16h.
Reduzir a exposição a telas (celular, TV, computador) pelo menos 1 hora antes de dormir.
Estabelecer um horário fixo para deitar e acordar, inclusive nos fins de semana.
Tornar o ambiente do quarto propício ao sono: escuro, silencioso, arejado e com temperatura agradável.
Evitar refeições pesadas e atividades estimulantes à noite.
Terapias complementares
Meditação e mindfulness: reduzem o estado de alerta e induzem ao relaxamento.
Técnicas de respiração e relaxamento muscular progressivo.
Fitoterapia: valeriana, melissa e passiflora são exemplos com uso tradicional.
Aromaterapia com lavanda: pode reduzir a ansiedade e facilitar o adormecer.
Abordagem médica e psicoterapêutica
Terapia cognitivo-comportamental (TCC) para insônia: considerada o tratamento de primeira linha pela maioria dos consensos internacionais.
Uso criterioso de medicamentos: como benzodiazepínicos ou hipnóticos Z (zopiclona, zolpidem), sempre sob prescrição médica e por tempo limitado
Melatonina: pode ser útil em casos de ritmo circadiano alterado ou em idosos.
Consequências da insônia crônica
Dormir mal de forma contínua não é apenas desconfortável — é prejudicial à saúde. A insônia crônica está associada a:
Risco aumentado de depressão e ansiedade.
Prejuízos na memória, concentração e produtividade.
Redução da imunidade.
Alterações metabólicas, como ganho de peso e maior risco de diabetes tipo 2.
Maior incidência de hipertensão arterial e doenças cardiovasculares.
Conclusão: dormir bem é um pilar da saúde integral
A insônia é um sinal de que algo em nosso corpo ou mente não está funcionando em equilíbrio. Tratar o sono como prioridade e buscar compreender suas causas é fundamental para promover saúde física, emocional e mental. Com pequenas mudanças no cotidiano e, quando necessário, acompanhamento profissional, é possível recuperar o prazer de uma noite bem dormida e melhorar significativamente a qualidade de vida.
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